Em um esforço para fechar o gap entre a formação educacional de jovens profissionais e as necessidades das contratantes, governos e empresas já recorreram a alternativas que vão desde a criação do Programa Jovem Aprendiz até a profusão de programas de trainee. A lacuna, porém, segue aberta, e motivou o surgimento da Apprenty, uma startup que criou uma plataforma de formação técnica online voltada à colocação desse público no mercado de trabalho.

A empresa despertou o interesse de investidores e acabou de captar R$ 8 milhões em uma rodada pré-seed liderada pelo Canary. Outros fundos, como Positive, Potencia e Latitud acompanharam o aporte, que contou ainda com investidores-anjo de unicórnios como iFood, Gympass e Loft.

“A junção da empregabilidade com a educação cria um espaço em que nós enxergamos muito potencial no Brasil. Os fundadores da Apprenty têm uma uma motivação genuína de resolver uma grande dor para os jovens em busca de experiência profissional”, diz Filipe Portugal, sócio do Canary. No setor, o fundo também investe em Trybe e Alicerce.

A Apprenty é um misto de EAD técnico com plataforma de RH. Do lado do aluno, a plataforma fornece aulas gravadas, atividades em turma e testes com tarefas que simulam o cotidiano em uma empresa. Do outro, as companhias clientes têm acesso a um ranking dos participantes de melhor desempenho. As clientes que desejarem também podem desenvolver desafios que imitem as necessidades de suas operações, para entender quais perfis mais se encaixam na vaga.

“O problema que nos moveu foi a desconexão entre o sistema de ensino tradicional e o que está acontecendo na economia moderna e digital. Isso cria uma situação de muita gente talentosa ficando para trás e, ao mesmo tempo, a empresa tem uma enorme dificuldade de encontrar profissionais capacitados”, diz Guilherme Antunes, CEO e um dos fundadores da Apprenty. “Quando a gente aborda questões de diversidade e inclusão, então, esse gap fica ainda maior.”

Depois de passar a maior parte da carreira na McKinsey, Antunes entrou em contato com o universo da educação durante uma passagem pela Fundação Lemann. Conversando com a amiga de longa data Mariane Tonello, economista de formação que cofundou cofundou o Ensina Brasil, iniciativa voltada pra ensino infantil e médio, decidiu apostar no mercado de ensino técnico. Os dois se juntaram à terceira sócia, com experiência no mercado financeiro e passagem pelo BTG, Marcela Teixeira, para fundar a Apprenty.

Entre os maiores clientes, a Apprenty já atraiu Stone, Creditas e Yuca, em pouco mais de nove meses de operação. Por enquanto, a plataforma cobra apenas um fee quando saem contratações por meio de seu sistema ou pelo treinamento posterior do profissional, que pode seguir na plataforma de ensino, se a empresa desejar. Caso as clientes queiram programas personalizados, também há cobrança pelo projeto.

Dados do MEC mostram que apenas 10% dos jovens que deixam o ensino médio optam pela formação técnica. Em países europeus, a parcela chega a 60%. Nesse contexto, os fundadores ressaltam: há bastante espaço para crescer… leia mais em Pipeline 21/07/2023