A Strive — uma aceleradora recém-lançada por Tiago Galli, ex-sócio do C6 Bank, e Eduardo Casarini, um dos pioneiros do e-commerce no Brasil com a criação da Flores Online em 1998 — acaba de definir as duas primeiras investidas do portfólio.

Com recursos captados junto a investidores como Pedro Conrade, CEO e fundador do Neon, Marco Cauduro, ex-CEO da CCR e sócio da Prisma Capital, e Maria Teresa Fornea, vice-presidente da Creditas, os primeiros cheques da Strive estão indo para a Mercado Único e a Coeh.

Cada uma vai receber entre R$ 1 milhão e 1,5 milhão para acelerar. Enquanto a Mercado Único conecta indústrias com estoques excedentes ou perto do vencimento a varejistas e distribuidores que querem se aproveitar disso para pagar preços menores, a Coeh construiu uma plataforma para que criadores de conteúdo façam a gestão de comunidades e gerem receita por meio de assinaturas.

As primeiras investidas da aceleradora Strive
Freepik

O plano da Strive é alocar um total de R$ 25 milhões em 15 investidas até 2025, em negócios de e-commerce, software as a service, serviços financeiros, recursos humanos, educação e saúde. Um terço desse valor já foi captado e a aceleradora segue em conversas para atrair mais investidores.

No modelo da Strive, o dinheiro alocado é todo de investidores externos. Mas Casarini e Galli ganham participações pequenas em cada startup pelo trabalho intelectual, em um arranjo no qual eles só saem se os fundadores também saírem, para garantir um alinhamento de interesses. O programa de aceleração dura dois anos, mas os sócios da aceleradora seguem como acionistas depois desse prazo se não houver a saída de 100% dos fundadores.

No processo de seleção das duas primeiras startups, Casarini e Galli contaram ao Pipeline que um dos critérios mais relevantes foi a humildade demonstrada pelos fundadores para aprender com os dois empreendedores, que afirmam que estarão “coempreendendo” com eles.

“Não queríamos founders que acham que sabem tudo, que querem mais o dinheiro do que nossa ajuda, mas sim founders dedicados, com humildade para saber que chegarão mais rápido e mais longe com a ajuda de quem já passou pro coisas parecidas”, diz Casarini.

Fundador da Flores Online no fim dos anos 1990, Casarini é um dos empreendedores que chegaram à internet quando tudo era mato, num tempo em que não havia fundos de venture no Brasil e ninguém falava em startup ou breakeven. Vendeu o negócio em 2012 para a americana 1800flowers.com, listada em Nasdaq, e há 10 anos tem atuado como investidor-anjo.

Já Galli fez parte do grupo de executivos que apostou no C6 junto com os fundadores Marcelo Kalim, Leandro Torres, Teco Calicchio e Adriano Ghelman, quando o banco foi criado em 2019. Com passagens por empresas como Amazon, Nextel e Porto Seguro, é investidor-anjo desde 2015.

Outro critério relevante para a Strive foi buscar startups que tivessem um plano que equilibrasse crescimento com viabilidade econômica, uma consequência da ressaca pela qual passa o mundo do venture capital, com os fundos reconhecendo que houve um excesso de apostas em teses que não conseguiram se provar rentáveis nos últimos anos.

“Como estamos procurando empresas em estágio inicial, é óbvio que muita coisa pode acontecer. Mas a parte econômica precisa fazer sentido. Não precisa ser lucrativo desde o dia zero, mas há negócios que são lucrativos quando há alguma escala”, diz Galli.

A Mercado Único, fundada por Leonardo Mencarini e Lucas Rolim, tem um modelo de receita que cobra uma taxa de 8% a 10% nos produtos que são vendidos com descontos para varejistas e distribuidoras. A startup quer chegar ao ano que vem com 600 toneladas de alimentos comercializados e uma base com 10 indústrias e 1000 compradores.

Já a Coeh, de Lucca Baldassarini e Fernando Lameiro, ganha uma taxa em cima de cada transação realizada na plataforma. Um dos objetivos da startup é elevar a proporção do que os criadores geram em receita com assinantes. A empresa estima que essa fatia está, na média, em 10%… leia mais em Pipeline 18/12/2023