Os CEOs brasileiros já começam a pensar em como reprogramar os negócios para aproveitar as oportunidades que vão surgir nos próximos meses. Embora ainda considerem o ritmo de recuperação da economia lento, boa parte acredita na retomada do crescimento do país e na melhoria dos resultados das organizações no curto prazo.

Essas constatações estão em um levantamento feito pela consultoria KPMG junto a 50 dos principais dirigentes do país dentro da pesquisa “Panorama Global dos CEOs 2016”, que ouviu mais de 1.268 executivos no mundo. Quase 60% dos brasileiros acham que o crescimento da economia acontecerá logo. “Após uma retração do mercado existe um período de acomodação e depois outro de reação. Os CEOs agora começam a olhar para alternativas de negócios que permitam a eles dar respostas rápidas a essa mudança de cenário”, diz Pedro Melo, presidente da KPMG no Brasil.

Embora o ânimo tenha melhorado, 38% dos pesquisados no país acham que esse movimento de recuperação ainda não engrenou no ritmo certo. Os mais céticos são aqueles que estão há mais tempo no cargo. Mas, no geral, quando questionados sobre a perspectiva para os próximos três anos, os dirigentes brasileiros estão otimistas – 76% disseram estar confiantes de que o Brasil deve voltar a crescer.

Os fatores que mais causam preocupação nos CEOs são os de ordem geopolítica, como as eleições, as manifestações e a instabilidade social. Outra preocupação é relativa ao ambiente regulatório e às questões fiscais. Em relação ao cenário externo, os executivos disseram estar aguardando os impactos e os desdobramentos do Brexit para seus setores. “A percepção é de que não adianta sofrer de véspera, é preciso saber lidar com o que aparece”, diz Melo.

A questão tecnológica e os novos negócios disruptivos são temas recorrentes na agenda dos CEOs brasileiros e globais. A inovação é prioridade na estratégia para os próximos anos. De todos os entrevistados, 77% disseram estar preocupados em manter suas organizações atualizadas com as novas tecnologias. Para Melo, o Brasil tem a vantagem de ter muita gente inovadora, que sabe que vai precisar repaginar o negócio.

O desenvolvimento de talentos também continua no topo da agenda dos presidentes – 99% afirmaram que precisam mudar seus planos nessa área diante dos avanços tecnológicos. Para o presidente da KPMG, os mercados mais maduros já estão preocupados em retreinar a força de trabalho. “Eles querem colocar o conhecimento no lugar certo”, explica.

No geral, a expectativa dos CEOs é que os próximos três anos sejam os mais críticos para suas indústrias dos últimos 50 anos. “Vai ser preciso ter muita agilidade para lidar com as novas tecnologias dentro das organizações”, afirma Melo. – Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 04/08/2016