A casa de leilões britânica Christie’s anunciou hoje a criação de seu próprio venture capital, voltado para investimentos em startups cujas tecnologias de plataformas possam ser usadas por artistas, como cripto e metaverso, ou abram novas possibilidades financeiras para compra e venda de arte.

O movimento da Christie’s chama atenção não só por se tratar do primeiro veículo próprio da leiloeira para participações societárias, mas pelo timing: os ativos cripto estão derretendo, enquanto os leilões de arte tradicional batem recorde.

“Estamos particularmente interessados em fundadores que estão criando inovações para reduzir a fricção no nosso universo, seja na compra e venda, originação, segurança ou tecnologia que ajudem as pessoas a consumir arte melhor”, disse Devang Thakkar, gchefe global do Christie’s Ventures, à imprensa internacional.

A Christie’s tem uma área própria de financiamento de arte, onde também procura inovações. O Christie’s Ventures é alavancado pelo balanço da companhia e não terá terceiros como investidores, mas a companhia não revelou o montante que pretende destinar a venture capital.

Christie's vai investir em startups

O fundo vai investir em rodadas de early stage de companhias que estão desenvolvendo tecnologia relacionadas à Web 3.0 e já fez seu primeiro aporte. A primeira investida é a canadense LayerZero Labs, uma startup que promete facilitar e baratear a migração de patrimônio entre diferentes blockchains, de Ethereum para Solana, por exemplo.

Ex-Microsoft e Artsy, Thakkar vinha assessorando o CEO da Christie’s, Guillame Cerutti, nas discussões sobre digitalização durante a pandemia, começando pelas NFTs, os tokens não fungíveis que têm ganhado espaço na arte. No ano passado, a leiloeira vendeu uma coleção digital do artista Beeple por US$ 69 milhões. Mas a casa sentiu o efeito da derrocada digital: suas vendas de NFTs caíram de US$ 93 milhões no primeiro semestre de 2021 (inflado pelo Beeple) para cerca de US$ 5 milhões no primeiro semestre deste ano.

Para Thakkar, o inverno cripto abre a oportunidade de investimentos mais realistas nesse mercado, sem os valuations e expectativas distorcidas do passado recente.

A concorrente Sotheby’s também vem colocando o pé nesse mercado, lembra o WSJ. Investiu no ano passado em um estúdio de espaços virtuais, chamado Mojito, e tem investido em participação societária ou parcerias com empresas conectadas ao universo digital… leia mais em Pipeline 18/07/2022