Nos últimos anos o setor de saúde sofreu uma verdadeira revolução. Grandes operadoras de hospitais verticalizando para diagnósticos e planos de saúde, volumes recordes de IPOs e cifras impressionantes de aquisições. Só em 2021 foram mais de R$ 15 bi em operações de M&A no setor de saúde, quase o dobro de 2020.

O atual cenário inflacionário vem pressionando custos do setor e já são esperadas altas de 15,5% nos preços dos planos de saúde em 2022, de acordo com a ANAB (Associação Nacional das Administradoras de Benefícios), o que tende a impactar significativamente o volume de segurados. Qual nicho será mais impactado? Qual empresa está mais preparada para o cenário adverso?

Utilizando a base de dados da Klooks, maior acervo de dados financeiros de capital fechado do Brasil, comparamos os segmentos de planos de saúde e planos dentais e identificamos as empresas mais sólidas de cada segmento.

PRINCIPAIS PLAYERS

Na Klooks você encontra informações financeiras detalhadas de 177 empresas do segmento, sendo:

Análise Klooks

Mais de 95% de capital fechado
54% do middle market (receitas entre 50 e 500 milhões de reais)
21% possuem mais de R$ 10 milhões de EBITDA
16% possuem mais de R$ 10 milhões de dívida
33% tiveram mais de 10% de crescimento na receita nos últimos anos
29% focadas em planos de saúde médicos
14% focadas em planos dentais
57% mistos, oferecendo tanto planos médicos quanto dentais

SETOR À PROVA DE CRISES: SERÁ MESMO?

O setor de saúde é conhecido por ser um setor “defensivo” na bolsa de valores, menos impactado por crises financeiras (afinal, faça chuva ou faça sol serviços de saúde vão ser necessários). Analisando os dados históricos das empresas da base Klooks conseguimos confirmar essa percepção no mundo do capital fechado dos planos de saúde quando analisamos empresas mais focadas na área médica. As margens flutuam conforme a condição econômica, mas dentro de um range aparentemente controlado.

No entanto, quando colocamos uma lupa nos planos dentais vemos um setor mais volátil e impactado por crises. Como vemos abaixo, na crise econômica do fim do governo Dilma o setor foi fortemente impactado, provavelmente por ser percebido como “menos prioritário” na pirâmide de Maslow do Brasileiro médio.

Além disso, entre os 3 setores analisados, o de planos dentais foi o que menos cresceu naquele ano de 2015 (mediana de crescimento entre planos dentais de 8,07% nominal, quando ajustamos pelo IPCA vai pra -2,6%):

Mas por essa lógica, o que aconteceu em 2020? Pandemia, economia parada, crise no mundo todo. Como o setor de planos dentais manteve suas margens?

Apesar de os planos dentais serem os primeiros a serem cortados, o que fez as receitas serem fortemente impactadas em 2020 (variação de receitas de -2,35% nominal e -6,87% ajustado ao IPCA), a sinistralidade foi infinitamente menor. Sair de casa para ir ao dentista foi um luxo que poucos tiveram nos meses mais intensos de pandemia. Consultas rotineiras e de menor urgência como limpezas ou procedimentos estéticos foram praticamente a zero, aumentando substancialmente as margens dos planos. Essa redução da sinistralidade compensou com folga o impacto nas receitas e fez a crise de 2020 ser menos traumática para os planos odontológicos.

OS SUPERSTARS DO SETOR DE PLANOS DE SAÚDE E ODONTOLÓGICOS

Quais empresas estão mais preparadas para lidar com as adversidades econômicas? Quais apresentam maior solidez? Quais as empresas de maior eficiência? Nas análises abaixo trazemos diferentes indicadores e comparações tentando responder estas questões.

Empresas mais sólidas

Em geral nós gostamos de analisar solidez como uma derivação da liquidez corrente histórica das empresas, uma vez que este é um bom indicador da capacidade das empresas honrarem seus compromissos de curto prazo.

Neste quesito quem ganha é a APS, operadora de plano de saúde de Jundiaí. Apesar de não ser um grande player do setor, ela apresentou a mediana histórica de liquidez corrente mais alta do segmento. Veio logo seguida da Uniodonto Goiânia, Unimed Saúde e Odonto e Prodent.

Inclusive, nos chama a atenção como os planos odontológicos possuem liquidez mais alta que os planos de saúde em geral:

Como vimos anteriormente, é um setor mais exposto a crises. Essa “maior cautela” pode ser um reflexo disso.

Empresas mais eficientes

Para essa análise utilizamos a mediana histórica de margem de lucro de cada uma das empresas.

Destaque para a Brasildental, operadora de planos odontológicos do Banco do Brasil. Numa análise histórica de 6 anos teve uma mediana de margem de lucro de mais de 25%.

Leia mais em Klooks 21/06/2022