Desponta da Bahia a empresa que desenvolveu a primeira ferramenta nacional de programação capaz de produzir aplicativos para as principais plataformas móveis do mercado, os sistemas iOS (Apple), Android (Google) e BlackBerry (Research in Motion). O estardalhaço que o software Maker Mobile, da Softwell, fez no mercado foi tamanho, que a IFC (Corporação Financeira Internacional, na sigla em inglês), braço do Banco Mundial (Bird) que financia a iniciativa privada, decidiu investir US$ 9 milhões na empresa de tecnologia brasileira, em maio de 2011.

O investimento do Banco Mundial será para garantir o desenvolvimento de produtos e também para expandir as operações da Softwell no mercado nacional e internacional. O custo total do projeto é estimado em US$ 11,1 milhões, dos quais a IFC aportará US$ 4,8 milhões, e outro co-investidor indicado por ela, o restante, para completar o aporte por subscrição em ações preferenciais da companhia, suprindo capital de risco que não está disponível para a fase inicial das empresas de tecnologia da informação (TI) no Brasil. A IFC vai mobilizar fundos adicionais e investidores privados para co-investir na Softwell.

Nos negócios, geralmente quando uma empresa nova no mercado começa a se destacar e incomodar as grandes corporações do setor ela vira produto de aquisição. Com a desenvolvedora de softwares baiana Softwell foi diferente: a empresa preferiu aliar-se à IBM a vender seus ativos à gigante americana ou a outra empresa do segmento de softwares. “Recebemos algumas propostas, mas decidimos seguir adiante porque o projeto era excelente”, conta o presidente e fundador da Softwell, Wellington Freire, sem revelar quais foram as empresas que sondaram a aquisição da companhia. “Ficamos nove anos desenvolvendo o software Maker, um empreendimento que envolveu cerca de 1.200 engenheiros. Não íamos nos render tão facilmente depois desse trabalho todo”, diz Freire.

O que chamou a atenção do mercado na ferramenta da Softwell foi o fato de ela permitir uma redução significativa do tempo de desenvolvimento de aplicativos. No método mais comum, o cliente que necessita de um aplicativo móvel precisa recorrer a horas de trabalho em programação para poder criar o produto. Com o software da empresa baiana, não é necessária a figura de um programador. Dessa forma, o custo final do aplicativo cai drasticamente, fato que chamou a atenção das grandes empresas do setor.

Este ano também a Softwell começou a receber recursos da ordem de R$ 3 milhões, oriundos de investimentos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb), para financiamento de duas novas plataformas, o Maker Runner e o Maker Mobile, consideradas, pelas instituições de incentivo à pesquisa, projetos inovadores.

Desoneração

Wellington Freire, presidente da Softwell, acredita que o mercado para a empresa vai crescer ainda mais por conta da inclusão do setor de tecnologia da informação (TI) entre os que terão alíquota zero de INSS em troca de uma contribuição de 2,5% do faturamento. O segmento de software é muito intensivo em mão de obra e, embora viva um bom momento, tem sofrido com o câmbio para exportar.

Laércio Cosentino, presidente da gigante de softwareTotvs, diz que a desoneração vai beneficiar o País ao incentivar um setor que gera empregos de alto valor. A empresa, líder do setor na América Latina, tem mais de 5 mil funcionários. Para Cosentino, a medida ajudará a formalização do emprego no setor, em que muitos talentos trabalham como pessoa jurídica para poder ganhar mais. “A desoneração representa um passo importante. O Brasil tem a maior carga trabalhista do mundo. A taxação do faturamento distribui mais esse peso, pois vale para quem importa e para quem produz aqui. Pode ser que o governo arrecade mais com mais gente pagando imposto”, avaliou Cosentino.

Parceria

Desde 2009 a Softwell é parceira da IBM na comercialização da plataforma Maker e da Rational, criada pela multinacional. Para se ter uma idéia do tamanho do negócio, a Softwell faturou com o Maker US$ 6 milhões em 2008. A espectativa é que até 2012 o faturamento da empresa chegue a US$ 90 milhões, principalmente por conta da parceria.

Segundo o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Ildes Ferreira, a parceria comprovou o potencial do setor de tecnologia da informação do estado da Bahia. “O governo tem fomentado o desenvolvimento deste setor por acreditar que as soluções de diversos segmentos da economia estão na tecnologia, principalmente no desenvolvimento de softwares inovadores”, disse o secretário.

Fonte:dci08/08/2011