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O segundo fundo de private equity da XP, comandado por Chu Kong, acaba de fechar a compra de mais uma clínica de reprodução assistida. A Vida Bem Vinda é a sexta marca a compor a plataforma Fertgroup, holding criada pela gestora no início do ano e que tem os médicos fundadores das redes como acionistas minoritários.

Do volume de R$ 1,7 bilhão do fundo, a XP reservou R$ 200 milhões para a tese de fertilidade, e já aplicou pouco mais da metade do capital. “Se tiver que colocar mais, a gente põe. É um mercado muito fragmentado e a consolidação nacional vai ajudar na democratização, que é um dos pilares da XP”, diz Kong.

Em operação desde 2011, a Vida Bem Vinda é um dos maiores centros de reprodução assistida de São Paulo, liderada por médicos oriundos da Faculdade de Medicina da USP. Com duas clínicas, tem ainda dois laboratórios próprios ligados à saúde reprodutiva e representa um banco internacional de sêmen.

Fundo da XP faz a sexta aquisição em reprodução assistida

A clínica nasceu num ano peculiar, em que Lucas Yamakami acabara de ser pai e o colega Renato Tomioka se recuperava de um câncer de tireoide – dois motivos para reforçar o propósito dos fundadores no tema que deu nome à clínica.

“Começamos as conversas com a XP em maio e teve um alinhamento de valores fundamental. A gente trabalha com sonhos”, diz Tomioka, CEO da Vida Bem Vinda, que tem outros dois cofundadores.

Com as marcas Fertility, Geare, Primordia, Verhum, Vida e agora a Vida Bem Vida, a Fertgroup passa de 6 mil para 7,5 mil ciclos no histórico – as coletas de óvulos e fertilizações in vitro, que resultaram ou não em gravidez, medida mais utilizada no segmento.

As marcas serão mantidas e, nos mercados em que não há operação âncora, a expansão orgânica vai se dar por uma marca própria que o Fertgroup quer lançar.

A holding estima uma participação de mercado atual de 15%, com nove unidades de atendimento em cinco estados. Kong não abre dados financeiros da Fertgroup, mas revela quer levar a companhia a um IPO em cinco anos, prazo que espera ter dobrado de tamanho.

A gravidez tardia da mulher que está no mercado de trabalho e novas composições familiares, com casais homoafetivos buscando fertilização in vitro, aumentam o mercado endereçável da Fertgroup.

A infertilidade é a segunda doença de maior incidência no mundo, atrás de obesidade. São 10 milhões de pessoas no Brasil que precisariam em algum momento de tratamento”, diz Edson Borges, um dos sócios-fundadores da Fertility e diretor médico do Fertgroup. “Mas hoje no país apenas 0,85 criança por um milhão de habitante, nos Estados Unidos são 6, nos país nórdicos são 10.”

É um mercado ainda novo, considerando que o primeiro bebê proveta no mundo nasceu em 1978 e, no Brasil, no início da década de 80. Hoje cada ciclo na reprodução assistida custa de R$ 25 mil a R$ 40 mil no país, por uma tentativa que pode não dar certo. O índice de eficiência é de 40%, mas quanto mais cedo o congelamento de óvulos, por exemplo, maior a qualidade e chance de sucesso nas primeiras tentativas do FIV – o que reduz custo.

“A democratização está ligada ao acesso, que não é só preço. É conhecimento, capilaridade para atendimento e formas alternativas de financiamento”, diz Nelson Pestana, CEO do Fertgroup.

A XP está de olho nesses potenciais formatos de financiamento no setor e em enquadrar os tratamentos, como o processo de congelamento de óvulos, como benefício corporativo, emenda Kong.

O XP Private Equity III tem outras 20 clínicas no radar. Outros grupos, como a gestora americana KKR e o grupo espanhol de saúde Eugin, têm apostado na consolidação desse mercado globalmente… leia mais em Pipeline 19/12/2023