As transações de Fusões & Aquisições de empresas entre países (cross-border) cresceram 98% em escala global, entre janeiro e outubro deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são da Retivit, plataforma de pesquisa de mercado financeiro, e demonstram o maior volume da série histórica, desde 1980. E os bons resultados observados em nível mundial também se refletem na América Latina e, sobretudo no Brasil, responsável pela maioria das transações de M&A da região.

O economista britânico Adam Patterson, especialista em M&A cross-border e sócio da Redirection International, empresa especializada em assessoria de Fusões & Aquisições, destaca que as operações cross-border representam cerca de 30% de todas as transações registradas no Brasil e devem fechar 2021 com um crescimento de 20%, segundo levantamento do portal Fusões & Aquisições.

Ainda de acordo com o portal, esse tipo de operação teve um valor médio de R$ 140 bilhões entre 2017 e 2020, no Brasil. “Os deals mundiais de M&A chegaram a este patamar impulsionados principalmente pela recuperação econômica após o período mais crítico da pandemia de Covid-19, as baixas taxas de juros e os valores recordes de caixa disponíveis para as empresas e fundos de investimento gastarem em aquisições.

A tendência é que em 2022 esse mercado siga aquecido. O câmbio atrativo facilita a procura por opções de investimentos, com isso o Brasil pode contribuir de forma significativa com o montante global de ofertas públicas iniciais (IPOs), transações e volumes de negócios no início do próximo ano”, analisa Patterson.

Imagem: Reprodução / Pxfuel

Principais setores que podem atrair investimentos estrangeiros

O especialista ainda destaca que o setor financeiro, de e-commerce, de tecnologia, da educação, do varejo de consumo e o setor imobiliário são os que mais podem se beneficiar das operações de Fusões & Aquisições cross-border na região.

Outro fator que beneficia as empresas brasileiras neste contexto, segundo Adam Patterson, é que ainda não se observa nenhuma influência das incertezas do cenário político de 2022, ano de eleições, nas operações cross-border.

“Nossa avaliação é que o atual momento do mercado é positivo e otimista para a continuidade dos negócios internacionais de M&A no Brasil. Desafios existem, mas também trazem oportunidades. O Brasil é um mercado muito grande para ser ignorado por empresas globalmente integradas que buscam novos fluxos de crescimento. As empresas brasileiras também estão bem capitalizadas e buscam cada vez mais oportunidades internacionais”, destaca.

Transações cross-border requerem planejamento e conhecimento técnico

Em um ambiente favorável como este, os empresários precisam estar atentos às oportunidades, porém é necessário pesar os riscos e as recompensas de se envolver nesses empreendimentos. “O mercado de M&A cross-border pode ser intimidador em um primeiro momento, porque está repleto de regulamentações estrangeiras, costumes desconhecidos e exposto a falhas de comunicação, porém, as Fusões & Aquisições internacionais se apresentam como uma forma de obter acesso rápido a novos mercados, clientes e tecnologia, por isso são tão atraentes”, explica Adam Patterson.

Neste sentido, contar com o auxílio de assessoria especializada é fundamental, com profissionais que conheçam bem o mercado e as normas de cada país. “Cerca de um terço das nossas transações envolvem empresas internacionais comprando empresas brasileiras ou empresas locais comprando ativos globais. Esse tipo de operação requer cautela e conhecimento técnico e depende de planejamento e análise criteriosa para cada caso”, destaca Adam Patterson.

De acordo com o especialista, no caso dos investimentos estrangeiros em empresas brasileiras, esta análise é ainda mais complexa, pois requer um profundo conhecimento do ambiente e da cultura local de negócios. “Isso inclui os custos diretos e indiretos relacionados à distribuição, procedimentos governamentais, benefícios trabalhistas, leis ambientais e estrutura tributária, por exemplo, o chamado Custo Brasil”, explica.

Com informações da No Ar Comunicação