O mercado brasileiro de fusões & aquisições em março de 2024 continua tímido. No trimestre, os investidores dos grandes negócios estão mais confiantes enquanto os pequenos continuam cautelosos.

• No mês de março foram realizadas 118 transações, crescimento de 26,9%, em relação ao mês anterior e investimento de R$ 19,6 bilhões – queda de 11,2%. Se comparado com o mesmo mês do ano anterior, constatou-se aumento tanto  no volume , de 2,6%, como nos investimentos, de 45,8%.
• No ano, com 312 operações e investimentos de R$ 55,9 bilhões, representa uma queda de 6,0% no volume e de um crescimento de 104,5% no valor, em relação ao 1ºT 2023.
• Queda de 10,1% do acumulado dos últimos doze meses, 1.479 operações, comparado com o acumulado de um ano atrás. Voltamos ao patamar de maio/21.
• No 1ºT24, os negócios até R$ 50 milhões registraram queda de 15% no volume e de 5% nos investimentos.
• No acumulado do ano, os negócios superiores a R$ 50 milhões acusaram crescimento de 20% no volume e de 119% nos investimentos
• Crescimento de transações de porte acima de R$ 1,0 bilhão, crescimento no ano de 240%, em volume. Em valores este aumento foi de 227%.
• Predomínio dos grandes que estão mais confiantes enquanto os pequenos continuam cautelosos nos primeiros 3 meses do ano. Significativo crescimento de volume e valores dos investimentos dos negócios acima de R$ 500 milhões – cresceram 175% em volume e 207,3% em valor. As operações de valor inferior a R$ 500 milhões registraram queda de 12,8% em volume e de 1,9% em valor.
• No acumulado do ano 19 companhias com ações negociadas no Bolsa realizaram compra ou venda de empresas mas somente três operações foram considerados megadeals.
• Valor médio das transações no acumulado do ano registra crescimento de 117,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
• Dos 40 setores rastreados pelo PORTAL 30 setores realizaram operações, somente 12 apresentaram crescimento, enquanto 18 (60%) registraram queda. Os dados mostram a recuperação no setor Imobiliário, Outros, Alimentos e Bebidas, Hotéis e Restaurantes.
• Dos 18 setores que ainda não reagiram em 2024, as maiores quedas no volume de operações foram TI, Hospitais e Laboratórios e Serviços para Empresas.
• O volume e o montantes das transações trimestrais sinaliza queda em praticamente todos os intervalos por portes. Excetuam-se as operações entre R$ 500 a R$ 1,0 bilhão que tiveram crescimento.
• O maior apetite neste mês ficou por conta dos investidores Estratégicos. No acumulado do ano tiveram queda de 11,6% no volume e crescimento de 100% nos investimentos.
• Os investidores Financeiros voltaram a crescer.
• Investidores Nacionais – queda no volume e crescimento nos investimentos
• Investidores Estrangeiros – crescimento tanto no volume como em valor
• Foram mapeados 20 negócios em mar/24, realizados por investidores de 11 países. Os EUA, com 7 operações e investimento da ordem de R$ 1,6 bilhão foi o de maior apetite. No acumulado do ano, foram 52 negócios com Estrangeiros, com predomino dos EUA com 18 operações.
• A maior transação no mês de março foi a operação da Vale comprando participação da Cemig na Aliança Energia, numa operação de R$ 2,7 bilhões.

ANÁLISE DO MÊS

Concentração setorial

Os 5 setores mais ativos – TOP 5 – responderam no mês de março/24 por 71,2% do total das operações, contra 64,3% no mesmo mês do ano passado, aumentando o grau de concentração dos 5 principais.

 

Queda de 26,9% do número de operações em relação ao mês anterior

Foram divulgadas com destaque pela imprensa no mês de março 118 transações em 22 setores da economia brasileira, registrando um crescimento de 26,9% em relação ao mês anterior (93 operações).

Confrontando com o mesmo mês do ano anterior, constata-se um crescimento de 2,6%, quando foram apuradas 115 negócios.

Evolução nos últimos 5 anos

No acumulado do primeiro trimestre de 2024, apuradas 312 operações, registra uma queda de 6,0% se confrontado com igual período de 2023, quando foram realizadas 332 operações.

Maiores apetites x maiores quedas

Setores mais representativos no primeiro bimestre. No gráfico dos setores mais ativos no acumulado do corrente ano, além de (1º) TI, destacam-se (2º) Alimentos e Bebidas; Instituições Financeiras (3%) e Imobiliário (3º).

Dos 40 setores rastreados pelo PORTAL 30 setores realizaram operações no mês de março nos dois últimos anos (2023 e 2024), sendo que 12 apresentaram crescimento, enquanto 18 (60%) registraram queda na atividade de transações de fusões e aquisições no comparativo entre os meses assinalados.

No que diz respeito à análise setorial, os dados mostram a recuperação principalmente do setor Imobiliário. Pelo menos no 1º trimestre a recuperação de fusões e aquisições de alguns setores (12) já começou, além do Imobiliário, em setores como Alimentos e Bebidas; Hotéis e Restaurantes. No gráfico abaixo destacamos os setores de maior aumentos e quedas no acumulado no 1ºT24. comparativamente ao mesmo período do ano anterior.

Dos 18 setores que ainda não reagiram em 2024, as maiores quedas no volume de operações foram TI, Hospitais e Laboratórios e Serviços para Empresas.

Setores de maiores crescimentos e quedas

O acumulado do volume de transações dos últimos doze meses com leve aumento

Março registra aumento de 0,2% do número de transações de M&A acumuladas nos últimos doze meses, com 1.479 operações, comparativamente com o mesmo período do mês anterior. Já em relação ao mesmo período acumulado do ano anterior – mar/23, a queda é de 10,1%. Voltamos ao patamar de mai/21.

.No gráfico do acumulado, pode-se inferir ciclos distintos de crescimento e queda do número de transações. Destaca prováveis fatores que mais estão repercutindo nas expectativas de investimentos e, no detalhe, (i) a evolução da série histórica do índice BOVESPA (desempenho das ações negociadas na B3), no mesmo período, e (ii) histórico das taxas de juros fixadas pelo Copom (BC) – evolução da meta Selic % a.a.

Porte das transações por volume e montantes

As 118 transações apuradas no mês de março alcançaram um total de R$ 19,6 bilhões, com um crescimento de 45,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior – considerando Valores Divulgados (50,0%) e Não Divulgados/Estimados (50,0%). Em relação ao mês anterior, verifica-se uma queda de 11,2% quando alcançou o montante de R$ 22,0 bilhões.

Quanto aos montantes dos negócios realizados no primeiro trimestre do ano estima-se o total de R$ 55,9 bilhões, representando um crescimento de 104,5% em relação ao mesmo período do ano passado.

No 1ºT24, os negócios até R$ 50 milhões registraram queda de 15% no volume e de 5% nos investimentos

Das 118 transações apuradas no mês, 80 são de porte até R$ 49,9 milhões – 67,8% do total e responderam por 5,7% do seu valor ( R$ 1,1 bilhão).

No acumulado do ano, para este mesmo porte de operações, foram registradas 211 transações representando 67,6% do total e 5,2% do valor (R$ 3,0 bilhões).Os investidores estão se concentrando em negócios de menor porte. Impactando uma queda de 14,9% no volume e de 5,2 % em valor, comparado com o mesmo período do ano anterior.

Negócios superiores a R$ 50 milhões acusaram crescimento de 20% no volume e de 119% nos investimentos

Para os negócios de porte superior a R$ 50 milhões, foram 38 transações no mês, significando um crescimento de 31,0% em comparação com o ano passado, quando foram concretizadas 29 operações, e movimentaram R$ 18,5 bilhões representando um aumento de 47,9%. No acumulado do ano, para este mesmo porte de operações, registraram-se 101 transações representando um crescimento de 20,2%. Movimentaram R$ 52,9 bilhões em relação ao mesmo período do ano anterior, significando um aumento de 118,9%.

Megadeals – crescimento notável

Vale destacar o expressivo crescimento de transações de porte acima de R$ 1,0 bilhão, indicando um crescimento no acumulado de ano de 240,0%, em volume, com 17 operações contra 5, no mesmo período do ano anterior. Em valores este aumento foi de 227%.

O valor médio das transações de porte acima de R$ 1,0 bilhão, realizadas no acumulado do ano alcançou R$ 1,9 bilhões, contra R$ 1,9 bilhão no mesmo período de 2023.

No acumulado do ano 19 empresas com ações negociadas no Bolsa realizaram compra ou venda de empresas mas somente 3 operações foram considerados megadeals.

Predomínio dos grandes que estão mais confiantes enquanto os pequenos continuam cautelosos

O 1ºT2024 se caracteriza pelo significativo crescimento de volume e valores dos investimentos dos negócios acima de R$ 500 milhões, que cresceram 175% em volume (33 operações em 2024 contra 12 no ano anterior), e 207,3% em valor (R$ 42,7 bilhões em 2024 contra R$ 13,9 no ano anterior). As operações de valor inferior a R$ 500 milhões registraram queda de 12,8% em volume e de 1,9% em valor.

Participações das transações – volume & montantes

A mudança estrutural significativa em relação ao mesmo período do ano passado está no fato de as operações de montante até R$ 50 milhões reduziram sua participação relativa de 74,7% para 67,6%, enquanto os “megadeals” voltaram de forma expressiva, sobretudo nos montantes investidos evoluíram de 35,3% para 56,3%.

Valor médio das transações

Valor médio das transações no acumulado do ano registra crescimento de 117,6% em relação ao mesmo período do ano passado. O valor médio das transações realizadas no acumulado do ano alcançou R$ 179,2 milhões, contra R$ 82,4 milhões no mesmo período de 2023.

Volumes trimestrais

O volume de transações do 1ºT24 sinaliza queda em praticamente todos os intervalos de portes. Excetuam-se as operações entre R$ 500 milhões a R$ 1,0 bilhão que tiveram crescimento.

Investimentos trimestrais

Vale notar que a queda dos montantes trimestrais foi generalizada em todos os portes, com exceção das operações entre R$ 500 a R$ 1,0 bilhão que registraram aumento.

Dinâmica & Origem dos Investidores

Investidores Estratégicos predominando

Os Estratégicos tiveram queda de 11,6% no volume em relação ao acumulado do ano passado e em relação aos investimentos registraram um crescimento de 100%.

O maior apetite neste mês ficou por conta dos investidores Estratégicos com 82 operações (69,5%), e responderam por 92,8% dos montantes investidos. No acumulado do ano, os Estratégicos, com 206 operações registraram queda de 11,6% em relação ao ano passado. Responderam por 66,0% dos negócios e 83,5% dos investimentos, no montante de R$ 46,7bilhões, o que significa um crescimento de 100,0%% em relação ao mesmo período do ano de 2023.

Investidores Financeiros voltaram a crescer

Os investidores Financeiros tiveram um crescimento de 7,1% no volume e aumento de 130,7% no montante dos investimentos no acumulado do ano.

Realizaram 36 operações no mês de março num montante de R$ 1,4 bilhão. No acumulado do ano os investidores financeiros alcançaram 106 operações – crescimento de 7,1% – correspondendo a 34,0% dos negócios e 16,5% dos investimentos, no valor de R$ 9,2 bilhões, representando um aumento do 130,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Investidores Nacionais – queda no volume e crescimento nos investimentos

Investidores Nacionais mesmo com maior apetite no acumulado do ano, verifica-se uma queda no volume, de 7,8%, e aumento no montante, de 117,3% .

Os investidores de Capital Nacional foram responsáveis no mês por 98 operações, 83,1%, e investimento da ordem de R$ 14,7 bilhões, correspondendo a 74,9% do total. No acumulado do ano, os nacionais foram responsáveis por 260 operações – queda de 7,8% em relação ao ano anterior, e responderam por 83,3% das operações. O investimento foi da ordem de R$ 41,9 bilhões, o equivalente a 74,9% do total, correspondendo a um crescimento de 117,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Investidores Estrangeiros – crescimento  tanto no volume como em valor

No ano, os Investidores Estrangeiros registraram crescimento tanto no volume de transações, 4,0%, como no valor dos investimentos, de 73,8%.

Os investidores de Capital Estrangeiro realizaram no mês 20 operações –  procedentes de 11 países – 16,9% do total, no montante de R$ 4,9 bilhões – 25,1 % do total. No acumulado do ano, os Estrangeiros com 52 operações registraram um crescimento de 4,0% – responderam por 16,7% dos negócios. Os investimentos alcançaram o montante de R$ 14,0 bilhões (25,1%), o que significa um crescimento de 73,8% em relação ao mesmo período do ano de 2023.

Os EUA com 7 operações (35,0%) foram os de maior apetite estrangeiro no mês e um investimento estimado em R$ 1,6 bilhão (32,3%).

No 1ºT2024, foram 52 negócios com Estrangeiros, com predomino dos EUA com 18 operações.

Maior transação do mês de março/2024

A maior transação com valores divulgados no mês de março foi a operação da Vale comprando participação da Cemig na Aliança Energia, numa operação de R$ 2,7 bilhões, avaliando a Aliança em R$ 6 bilhões.

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