Com volumes recordes de fusões e aquisições este ano, o executivo diz que as eleições de 2022 podem frear o movimento de M&As

À frente de cinco negócios fechados neste ano, três deles envolvendo operações financeiras, Daniel Wainstein, sócio-fundador da Seneca Evercore, butique especializada em fusões e aquisições, vê espaço para fintechs e gestoras de investimentos e de fortunas irem à bolsa de valores nos próximos meses em busca de financiamento.

“Tem muita operação de fusão e aquisição envolvendo fintechs e plataformas de investimentos independentes acontecendo. Nossa expectativa é a de que essas transações aumentem nos próximos meses”, diz Wainstein.

Após o movimento de consolidação, o caminho natural, segundo Wainstein, é que as corretoras independentes e as gestoras de recursos e de fortunas recorram à bolsa para abertura de capital (IPO, na sigla em inglês), a exemplo dos fundos Pátria e Vinci. “Veremos esse movimento acontecendo com mais força em 2022.”

Das cinco transações realizadas pela Evercore este ano – todas concentradas no segundo trimestre -, três delas envolveram consolidação no setor financeiro. A casa assessorou a Jive, gestora especializada em ativos em dificuldade financeira, na venda de uma fatia de 20% para a XP Investments, e na venda de 45% do escritório de agentes autônomos Monte Bravo para a companhia de Guilherme Benchimol. Wainstein também assessorou a gestora Perfin na venda de uma fatia minoritária para o BTG Pactual.

Na área de saúde, o grupo participou das negociações das empresas Case e Itech para a gigante Dasa. “Tem muito negócio na área de saúde e industrial em andamento.”

Nos últimos meses, BTG e XP têm crescido por meio de aquisições, firmando parcerias com corretoras e gestoras. Wainstein vê esse movimento cada vez mais intenso e as fintechs, segundo ele, vão ocupar cada vez mais o vácuo que os bancos tradicionais não preenchem. “A XP vive de parcerias com agentes autônomos e o BTG também consegue navegar bem nesse segmento. É difícil os grandes bancos mudarem sua cultura rapidamente.”

Com estruturas enxutas, as plataformas digitais têm atraído milhões de clientes que não precisam pisar mais numa agência bancária para fazer movimentação financeira. “Com a queda da taxa de juros, não é mais fundamental investir [em títulos do] Tesouro Nacional. Poupança também é uma modalidade [de investimento] em desuso”, disse o executivo, que foi presidente do banco de investimentos do Goldman Sachs no Brasil e estava à frente da Greenhill no país, que foi incorporada pela Seneca Evercore.

“Vemos uma revolução no mercado financeiro. Antes, para ter capilaridade, era preciso ter agências. Os bancos brasileiros cresceram num mercado de spreads e despesas altíssimas”, ponderou. Para o executivo, é muito difícil para os bancos tradicionais se modernizarem. “Os bancos [tradicionais] vão ter de cortar na própria carne.” Wainstein diz acreditar que o crédito corporativo, ainda concentrado nas mãos dos grandes bancos, deverá ser diluído. Segundo o executivo, o Brasil seguirá uma tendência que já ocorre há muito tempo nos Estados Unidos – as empresas se financiando no mercado de capitais.

Com volumes recordes de fusões e aquisições este ano, Wainstein afirmou que as eleições de 2022 podem frear o movimento de M&As. “O cenário eleitoral traz instabilidade”, avaliou. O executivo lembrou ainda que o mercado de fusões e aquisições travou durante as eleições de 2018, quando o cenário mostrava uma forte polarização entre a esquerda e a direita.

O mercado está acompanhando atentamente o andamento da agenda de reformas econômicas e o cenário político, que novamente segue polarizado. Wainstein disse que é cedo para traçar cenários. O mercado espera saber o curso que um eventual governo de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, adotará, caso seja realmente candidato à Presidência em 2022. “Não sabemos se veremos um Lula paz e amor ou um Lula mais radical. Também é aguardado quem poderá colocar como vice-presidente e como será a equipe econômica.” Valor economico Leia mais emclippingdotblog. 19/07/2021

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