Entre as empresas de capital aberto na Bolsa brasileira, resseguradora encolheu R$ 26,6 bilhões em 2020

A IRB Brasil RE, maior resseguradora do País, perdeu 73,5% do valor de mercado em menos de oito meses. No dia 31 de dezembro de 2019 a empresa era avaliada em R$ 36,2 bilhões e seguia uma trajetória ascendente na Bolsa de Valores. Atualmente, porém, essa quantia não passa de R$ 9,6 bilhões â uma perda de R$ 26,6 bilhões só em 2020, de acordo com levantamento exclusivo feito pela plataforma Economatica.

Essa redução bilionária no valor de mercado levou a IRB ao primeiro lugar entre as cinco empresas que, proporcionalmente, mais reduziram de tamanho na Bolsa neste ano. A resseguradora superou até mesmo as aéreas, que sofrem diretamente com a restrição de circulação por conta da pandemia.

O resultado negativo da IRB fica ainda mais evidente se observado o histórico das ações.

Entre 4 de agosto de 2017 e 31 de janeiro de 2020 os papéis da resseguradora se valorizaram 371%, passando de R$ 9,50 para R$ 44,83. Após esse período, os ativos sofreram uma queda expressiva e em 20 de março já valiam um sexto daquele valor.

No fechamento da última sexta, uma ação da companhia poderia ser comprada por R$ 7,77.

Longo histórico 

O que motivou tamanha queda foram denúncias realizadas pela Squadra Investimentos. Logo no início de fevereiro, a gestora divulgou três relatórios que apontavam inconsistências contábeis nos balanços da IRB. A resseguradora estaria divulgando números mais elevados que o real.

“A partir desse momento, a ação passou a ter um caráter especulativo muito alto”, explica Danilo Luna, analista da Ivest.

“O caso IRB tem menos a ver com a pandemia e mais a ver com o próprio processo interno de gestão, transparência e governança.” O episódio acertou em cheio o mercado e foi o estopim para uma série de eventos negativos, que culminaram na descoberta de uma fraude de R$ 60 milhões e dois ex-executivos da empresa sob investigação: o CEO José Carlos Cardoso e o CFO Fernando Passos.

Céu nublado. O setor aéreo está entre os mais impactados pelo coronavírus.

Em maio, o presidente da Latam no Brasil, Jerome Cadier, chegou a mencionar que as empresas aéreas não sobreviveriam sem ajuda do governo.

Nesse cenário, a Azul foi a empresa do setor que mais perdeu valor de mercado em 2020. Avaliada em cerca de R$ 17 bilhões em janeiro, a companhia chegou em agosto valendo 62,6% menos, aos R$ 7,4 bilhões.

“O futuro do segmento ainda está bem nebuloso, não se sabe quando teremos a vacina, e ter mais tranquilidade nessa parte de saúde é essencial para a volta do turismo”, diz Luis Salles, analista da Guide Investimentos. Autor: Jenne Andrade Referência: Estado de São Paulo Leia mais em capitólio 17/08/2020