Futuro parceiro injetaria até R$ 30 milhões para assumir o comando

 Com a produção parada desde 2013 por causa da retração do mercado e dificuldades internas, a Kasinski aguarda agora a entrada de um novo sócio para viabilizar sua volta ao jogo. O presidente atual, Cláudio Rosa Júnior, torce para que o futuro parceiro, um fundo de participação, entre com R$ 25 milhões a R$ 30 milhões para a retomada da produção.

 “O novo sócio ficará com 70% a 80%”, afirma o empresário, que aguarda esse desfecho em no máximo 60 dias, sem revelar o nome do futuro parceiro. Para o presidente ficarão os 20% a 30% restantes. Com isso, a chinesa Zongshen, que detém os outros 50% da Kasinski e enviava para montagem local as motos até 150 cc, sairá da sociedade. Seu papel será restrito ao fornecimento. 

Segundo Cláudio Rosa Júnior, se a nova sociedade vingar, ela não poderá comprar motos de outro fornecedor chinês que não seja a Zongshen. Ele afirma que a Kasinski tem estoque para quatro meses, o que o obriga a um desfecho rápido da situação, já que entre o pedido das motos e a chegada haveria ao menos 60 dias. E para concretizar essas encomendas à Zongshen, ele terá de adiantar 30%. As expressões “Ou vai o racha” e “É agora ou nunca” parecem explicar bem o momento atual da Kasinski.

ESTRUTURA MENOR E LINHA ENXUTA
 Em 2013, antes de interromper a produção, a Kasinski montou as motos que recebera em forma de kits, desmontou a fábrica e entregou os prédios, que eram alugados. Agora está em uma estrutura menor, também em Manaus. O escritório continua no bairro de Pinheiros, em São Paulo (SP), mas ocupa um terço do espaço. “A empresa mantém 90 funcionários, somados os de Manaus, de São Paulo e de Sapucaia (RJ, onde fica o depósito de peças)”, afirma Rosa Júnior. Das cerca de 200 concessionárias que teve em 2011 restaram 80. Destas, só 60 estariam fazendo pedidos com regularidade.

 A Kasinski não deve voltar a montar modelos com a marca Flash, utilizada na distribuição em redes de varejo. “Não sei se vão ter tanto interesse em continuar”, disse Rosa Júnior sobre o desejo dos futuros sócios em relação à segunda marca criada para os mesmos produtos.

 Das cinco motos Kasinski de 150 cc restarão quatro. Cláudio Rosa Júnior quer manter com a Kasinski as motocicletas de 250 cc e 650 cc fornecidas pela Hyosung. Visitou a fábrica sul-coreana recentemente, mas, sem dinheiro, voltou de mãos abanando. A Dafra também teria procurado a Hyosung (com interesse nas versões de 650 cc) e Rosa Júnior disse que não criaria empecilhos em caso de negociação da Hyosung com seu concorrente brasileiro.

 Por causa da baixa aceitação, os modelos elétricos da Kasinski devem ficar de fora num primeiro momento. Rosa Júnior falou em “produção em ritmo menor”. É provável que retome pelas bicicletas elétricas, que em dezembro de 2013 foram regulamentadas pelo Contran.

 Segundo ele, a Light continua sócia da Kasinski para o desenvolvimento de veículos elétricos, mas não há projetos em andamento porque a companhia energética estaria focada na solução de outros problemas desde que o governo reduziu os tributos incidentes sobre o fornecimento de eletricidade. Automotive Business procurou a Light para saber mais sobre a parceria, mas a empresa não quer declarar nada a respeito antes de março, quando divulgará seu balanço anual.

A ORIGEM DA KASINSKI
A Kasinski foi fundada em 1999 pelo empresário Abraham Kasinsky, fundador da Cofap. Ele havia vendido sua fábrica de autopeças como consequência da globalização, mas não suportou “ficar em casa sem fazer nada”, disse certo dia em uma entrevista coletiva. Surgiu diante dele a oportunidade de assumir a montagem de motocicletas Hyosung em Manaus. Trocou a marca original por seu sobrenome e substituiu o “y” pelo “i”. No começo da década passada, variação cambial forçou a Kasinski a procurar fornecedores chineses para modelos de 125 cc, que substituíram as sul-coreanas de mesma cilindrada, cuja importação tornara-se inviável.

 Em 2009, com o setor em queda, Cláudio Rosa Júnior deixou seu posto na Sundown e juntou-se à Zongshen para comprar a marca Kasinski. Em 2011, quando o segmento obteve recorde de produção e vendas, a empresa teria faturado R$ 310 milhões. Abraham Kasinsky morreu em fevereiro de 2012, cerca de dois anos e meio após a venda da fábrica de motos.
MÁRIO CURCIO, AB
Fonte: automotivebusiness 14/02/2014