Lucas Pena é um estranho no ninho do mundo jurídico. Formado em engenharia ambiental em 2012, ele logo trocou os temas de sustentabilidade para trabalhar com estruturação de projetos e fusões e aquisições, onde começou a ter os primeiros contatos com advogados e o mundo do direito.

Sua imersão na área ficou ainda mais intensa quando eclodiram as operações da Lava Jato. Ele atuou em projetos de reestruturação financeira de empresas investigadas, como a HStern. E, a partir dessa vivência, percebeu que muitas companhias não têm noção do passivo jurídico que carregam e que há muita subjetividade na mensuração desses custos. Assim, elas acabam pagando valores muito do que deveriam em indenizações.

Pena viu nessa lacuna uma oportunidade de negócio e decidiu fundar, em 2018, junto com a advogada Luiza Arieta, a Pact. Por meio de inteligência de dados, a startup levanta os passivos jurídicos das empresas, identifica onde estão as vulnerabilidades e, via negociações, tenta obter acordos na Justiça, para reduzir as despesas.

"No país do litígio startup já negociou quase R$ 1 bilhão

“O que me moveu foi a sensação do absurdo, talvez por ser aquela pessoa fora do baile, com olhar de estrangeiro”, diz Pena, ao NeoFeed. “Estava no meio de um monte de advogados, olhando vários problemas, e o dono da empresa vinha e dizia que não sabia que tinha 2 mil processos trabalhistas. Como assim ele não sabe?”

A ideia da Pact é encarar o passivo jurídico das empresas sob o ponto de vista financeiro, uma dívida como qualquer outra. A startup busca reestruturar os valores e negociar com os credores para reduzir os danos para as companhias.

Para isso, atua em duas frentes. A primeira é o chamado legal planning. Um sistema desenvolvido internamente realiza um levantamento dos processos enfrentados e cruza com a situação financeira da empresa, para entender qual a situação da companhia estabelecer prioridades.

“Se a companhia tem essa visibilidade, consegue escolher o momento de abordar aquilo, de modo que tenha algum ganho financeiro, já que está prestes a perder aquele processo”, afirma Pena.

Com os dados em mãos, a Pact parte para as negociações. “ Mapeamos todos esses meandros para garantir que os acordos resultem em ganhos financeiros efetivos ou para que eles nunca sejam feitos no limite”, diz Pena. “Mas a ideia é que nunca se corra o risco de fazer um acordo equivocado.”

Nos últimos três anos, a Pact intermediou mais de mil acordos, cujo provisionamento das empresas atingia R$ 950 milhões. O trabalho de mediação reduziu o montante gasto pelas companhias para R$ 435 milhões. Entre os clientes para os quais presta serviço estão Magazine Luiza, General Eletrics (GE) e Centauro… leia mais em NeoFeed 21/09/2022