O primeiro semestre de 2022 está perto do fim com foco na recessão que se desenha no cenário internacional e no esforço do governo Bolsonaro em impor um freio na inflação e ampliar a distribuição de renda à população.

A aversão ao risco cresce, mas não chega a minar o humor positivo dos investidores nas bolsas americanas. No Brasil, quem está aplicado em renda fixa não poderia estar mais feliz. Títulos do governo garantem juro real de 6% ao ano. E a longo Prazo.

Sinal de tensão, o dólar valorizou quase 6% em 10 dias, chegou a R$ 5,27 na sexta, 24 de junho, mas recuou a R$ 5,23 ontem, 27 de junho. Sob a queda firme das commodities, o Ibovespa chegou a romper o suporte de 98 mil na semana passada e, também nesta segunda, retornou aos 100 mil pontos com suporte de Petrobras e Vale que avançaram com o petróleo e o minério de ferro, ante redução das restrições na China por reincidência da Covid-19.

Mas os fatores externos persistem e, por aqui, o clima é de que a corrida eleitoral chegou. Mas, por ora, não há pânico”, afirma Fabiano Godoi, sócio e CIO da Kairós Capital, gestora com R$ 310 milhões sob gestão e foco em fundos macro que opera ativos líquidos no Brasil, em países desenvolvidos e nos principais mercados emergentes.

O que esperar da economia brasileira

O mercado segue contabilizando novidades: o teto na cobrança do ICMS sobre os combustíveis que já virou lei e pode reduzir a inflação deste ano em dois ou três pontos percentuais; o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600; a criação do auxílio aos caminhoneiros de R$ 1.000 e a ampliação do Vale Gás.

Parte da soma dessas medidas deverá ser coberta com recursos que estarão fora do teto de gastos, o que justifica a percepção de que o país pode arriscar ainda mais seu equilíbrio fiscal ou dificultará um bocado o primeiro ano do próximo governo. Contudo, “o mercado não está operando as eleições”, pondera Godoi, que vê o risco já embutido nos preços dos ativos.

Godoi, que construiu sua carreira no Bozano Simonsen, Santander Asset Management e Safra Asset antes de lançar com seus sócios a Kairós em 2019, diz que havia sim, um ano atrás, um temor sobre a política fiscal brasileira.

“Hoje, o mercado deixa para lá esse assunto porque ninguém está falando de que o mercado goste. Nem a oposição e nem o governo, que vem trocando os pés pelas mãos do lado fiscal, visando a reeleição de Bolsonaro”, afirma o gestor, que destaca a relevância do difícil cenário externo com vários governos recorrendo a transferências de renda ou adotando subsídios para resolver questões como o custo dos combustíveis ou energia e a firme ação dos bancos centrais no combate à inflação… leia mais em NeoFeed 28/06/2022