A Orizon — uma das maiores empresas de gestão de lixo do Brasil — acaba de comprar sete aterros sanitários que pertenciam à Estre Ambiental, numa transação que praticamente dobra o tamanho da Orizon em volume, receita e EBITDA.

Os aterros foram a leilão hoje dentro do plano de recuperação judicial da Estre, que vergou sob o peso de uma dívida de R$ 3 bilhões.

Em parceria com a Jive, a gestora de distressed assets, a Orizon pagou R$ 840 milhões pelos ativos, usando créditos da Estre que ambas compraram ano passado quando os bancos credores colocaram a dívida à venda.

A Orizon hoje recebe 4,8 milhões de toneladas de lixo por ano em seus cinco aterros, localizados em Pernambuco, Paraíba e Rio de Janeiro. A compra da Estre adiciona 3,9 milhões de toneladas/ano, além de um EBITDA na casa de R$ 150 milhões.

Há ainda uma sinergia geográfica relevante.

Orizon aterro

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Dos sete aterros da Estre, apenas um (no Rio) tem sobreposição com os ativos da Orizon, mas ele responde por apenas 200 mil toneladas. Os outros seis estão localizados em regiões onde a Orizon ainda não opera: São Paulo, Sergipe, Alagoas e Goiás.

Depois da compra, a Orizon deve implementar a estratégia do CEO Milton Pilão Jr. de transformar os aterros da Estre em ecoparques, uma espécie de Aterro 4.0 que monetiza mais os resíduos e com os quais a Orizon costuma triplicar a receita de um aterro convencional.

No aterro convencional, a empresa ganha apenas uma receita por receber o lixo, que é paga pelas prefeituras, indústrias ou grandes geradores de resíduos.

No ecoparque, ela transforma parte do lixo em biogás, que depois é transformado em energia ou gás natural numa usina instalada dentro do aterro. A outra parte do lixo é reciclada com a construção de unidades de triagem mecanizada (UTMs), que separam o material reciclável do orgânico.

Essas mudanças não são complexas de implementar porque os aterros da Estre “já têm todas as tubulações de captação de gás,” Milton disse ao Brazil Journal de Glasgow, onde participa da COP26. “Achamos que conseguiremos instalar os mesmos sistemas que usamos nos nossos exoparques no prazo de um ano.”

Milton disse que a Orizon tem outras cinco aquisições no pipeline — quatro em estágio final de diligência — que devem adicionar mais 3 milhões de toneladas/ano ao portfólio da Orizon, que chegaria a 12 milhões toneladas/ano.

No IPO em fevereiro, a empresa disse aos investidores que espera dobrar seu EBITDA nos próximos três anos apenas com o crescimento orgânico — incluindo a instalação de mais motores em seus ecoparques para aumentar a quantidade de lixo que é transformado em energia ou reciclado.

Somando aquisições e crescimento orgânico, analistas estimam que, em 2024, a Orizon pode ser 4x maior do que é hoje.

A partir daí a empresa deve entrar numa “segunda onda de crescimento” com a criação de uma nova empresa — a Orizon Biogás e Energia Renovável — que será responsável por construir as usinas de geração de energia e gás natural dentro dos ecoparques…..  Leia mais em Brazil Journal 04/11/2021