“Não era o que buscávamos naquele momento”, disse Daniela Binatti, CTO da Pismo, sobre a aquisição da startup pela Visa. A executiva falou sobre o negócio – que alçou a fintech ao posto de primeiro unicórnio do Brasil em 2023 e ainda está sujeito a aprovações regulatórias – para uma plateia lotada no auditório do Cubo, na capital paulista, durante o Itaú Future Day, realizado nesta terça-feira (26). A empresa desenvolvedora de tecnologia bancária e pagamentos foi comprada por US$ 1 bilhão em junho deste ano.

Quando a gente recebeu a oferta, minha primeira reação foi dizer não estamos à venda, obrigada”, contou Binatti, em painel ao lado de Júlio Vasconcelos, fundador do Peixe Urbano e, atualmente, sócio da gestora de venture capital Atlantico. Segundo ela, naquele momento, a Pismo estava vivendo uma fase de crescimento acelerado de time e de tamanho de instituição.

“Levantamos na pandemia uma Série B (de US$ 108 milhões) e, pouco antes do deal, anunciamos um contrato com o Citibank para fazer o deployment (espécie de atualização em tecnologia) de uma solução de corporate banking em 78 países. Por isso, no começo não foi óbvio”, explicou. “Depois, em conversa com os demais sócios – Juliana Motta, Ricardo Josua e Marcelo Parise – decidimos entender melhor o que seríamos capazes de construir e explorar.”

Por que a fintech Pismo quase disse não à proposta de US$ 1 bilhão da Visa

Criada em 2016, a Pismo fornece tecnologias que modernizam os sistemas, substituindo linguagens de programação ultrapassados, como o Cobol, por soluções baseadas em computação em nuvem. No portfólio de clientes, estão grandes companhias como Citi, Itaú, Revolut, N26 e Cora. Algumas das soluções incluem processamento de pagamentos para o aplicativo Iti, do Itaú, gerenciamento de ativos da B3 e identificação de boletos bancários.

“Falamos que o nosso business é semelhante a um transplante de coração. Você tira o core da instituição e bota outro no lugar. Não é uma conversa fácil. E a Visa é uma instituição que tem porta aberta em todos os bancos e fintechs do mundo. Foi por esse ângulo que decidimos explorar, de ter esse suporte para poder, de fato, sermos capazes de realizar o nosso sonho, que é construir uma solução global”, explicou Binatti.

Questionada sobre os próximos passos da startup após o anúncio da aquisição, ela não revelou detalhes, mas informou que a atual gestão se manterá. “Nossas ações são pagas em quatro anos de trabalho. Foi tudo super combinado. Não é que a gente vai para as Bahamas tomar cerveja”, brincou a executiva, que disse ainda estar vivendo uma ansiedade passiva.

“Estamos num momento estranho, porque ainda aguardamos a aprovação regulatória. Mas super animados com as possibilidades de termos acesso a recursos e tecnologias que são menos acessíveis para uma empresa do nosso tamanho.”

Oportunidades para inovação

Além do mercado brasileiro, a Pismo expandiu para outros países da América Latina, EUA, Europa, Índia, Sudeste Asiático e Austrália. Atualmente, a plataforma baseada em nuvem da companhia para instituições financeiras hospeda mais de 80 milhões de contas e movimenta mais de US$ 200 bilhões por ano.

Falando sobre oportunidades para inovação no Brasil, especialmente no âmbito das fintechs, a CTO da Pismo acredita que novos negócios podem surgir à medida que o mercado de tecnologia evolui para soluções de comunicação mais abertas, que parte para plataformas de Open API, onde conexões e integrações são mais fáceis…. leia mais em Época Negócios 27/09/2023