As negociações para fusão entre Portobello e Eliane, duas das maiores empresas de cerâmica do país, foram encerradas depois que se constatou uma ampla sobreposição dos negócios, com um resultado menor do que o inicialmente previsto pela associação das duas companhias.

 O vice-presidente da Portobello, Cláudio Ávila da Silva, explicou que as diligências mostraram sobreposição em produtos, mercados e canais de venda, refletindo em um ganho com a fusão “menor do que se esperava”. Ele não diz o que era exatamente esperado como margem de lucro dos negócios, mas disse que “se mostrou mais atrativo” voltar-se, cada empresa, para o seu crescimento individual.

 “Quando se olhava para o projeto, pensava-se que algo junto seria maior. Mas se você soma os esforços que envolvem uma fusão, os investimentos e todo o trabalho envolvido, tem que valer muito a pena para dispender energia nisso. A sobreposição mostrou que não existiriam ganhos suficientes”, destacou.

 Em termos de sobreposição de produtos, ele cita, por exemplo, que a Portobello está, predominantemente, na classe de renda alta A e que a Eliane atende, majoritariamente, a classe de renda B. “Ainda que a Portobello seja maior na classe A e que a Eliane seja maior na B, imaginava-se uma segmentação maior por classe de consumo, mas há um equilíbrio”, disse.

 Em relação a mercados, ele afirmou que as empresas estão em regiões similares de operação, atuando principalmente no Sudeste, no Sul e Nordeste do país.

 Já em canais de venda, embora a Portobello tenha uma rede exclusiva de lojas chamada Portobello Shop, canal de vendas que a Eliane não possui, ele citou, por exemplo, que as empresas atendem os mesmos clientes na área de engenharia, no fornecimento de cerâmicas para grandes construtoras.

 A Eliane enviou uma nota para a imprensa em que diz que o objetivo principal do projeto de fusão, para ambas as empresas, era o crescimento acelerado e o ganho de competitividade em padrões internacionais, por isso os estudos buscaram sinergias e complementaridade de marcas e tecnologias nos quatro meses das diligências. Mas, porém, a empresa informou que, “ao fim dos trabalhos, a conclusão, compartilhada por ambas as empresas, considerou que as sinergias e complementaridades, embora de fato existentes, ficaram abaixo das expectativas e que os custos de integração logística e operacional seriam consideráveis, impactando o novo negócio”.

 O fim do processo que poderia resultar na fusão das duas empresas foi anunciado ontem, no fim do dia. O anúncio do início das negociações entre as empresas ocorreu em dezembro de 2011. Por Vanessa Jurgenfeld
Fonte:Valor 03/05/2012