Agronegócio. Com duas unidades em São Paulo e capacidade de moagem de 9 milhões de toneladas de cana por ano, Clealco vai representar um grande salto no setor para a compradora; Guarani e Raízen, que também cobiçavam a empresa, estão fora do páreo.

Três companhias entraram na fase final de negociação para a compra do tradicional grupo sucroalcooleiro Clealco, principal integrante da comercializadora Copersucar.

No páreo para levar a empresa estão a petroleira francesa Total; a brasileira ETH, do grupo Odebrecht; e a indiana Renuka, que tem parceria com a Olam, de Cingapura.

A transação envolve cifras bilionárias: em torno de US$ 1,3 bilhão pelas duas usinas do grupo (Clementina e Queiroz), com capacidade para moer 9 milhões de toneladas de cana de cana. O valor já tirou companhias de peso da disputa, que começou há cerca de cinco meses. Na primeira fase, o ativo foi cobiçado pela Guarani (da francesa Tereos e Petrobrás) e Raízen (Cosan).

A Clealco nasceu após a criação do Proálcool, na década de 70. Mas sua primeira unidade começou a operar apenas em 1983, no interior de São Paulo. Em 2006, inaugurou a segunda unidade. Na última safra, a companhia moeu 7,17 milhões de toneladas de cana, sendo a maioria destinada à produção de açúcar. O faturamento alcançou R$ 673 milhões e os empréstimos e financiamentos, R$ 437 milhões.

Pelo tamanho das usinas, qualquer uma das três companhias que fecharem a compra dará um grande salto na participação do mercado brasileiro. Para executivos do setor, que preferem não se identificar, a Total é considerada favorita para levar a Clealco. O grupo francês não respondeu ao pedido de entrevista do Estado.

O negócio faz todo sentido para o plano estratégico da Total. Em julho do ano passado, o grupo anunciou a compra de 17% da Amyris Inc., que produz diesel de cana-de-açúcar. Mas, por enquanto, a Amyris não tem nenhuma usina no Brasil, apenas parcerias com produtores locais, a exemplo do acordo com a São Martinho e Cosan.

Planos. Mas, para concluir o negócio, a Total terá de derrotar a ETH, ávida por crescimento no setor. A empresa está moendo na safra atual 19 milhões de toneladas e tem planos para chegar a 40 milhões. Até o fim do ano, duas unidades devem entrar em operação, elevando a capacidade do grupo. Ainda assim, não chegará aos 40 milhões. A aquisição seria o ingrediente que faltava para atingir as metas.

O terceiro grupo no páreo é a Renuka, que firmou uma parceria com a Olam. O grupo indiano entrou no Brasil com a compra de usinas da Equipav, que passou por dificuldades após a crise de 2008. Recentemente, a Renuka colocou 25% de sua operação no País à venda. Em agosto, firmou parceria com a Olam, que faturou US$ 8,6 bilhões em 2010, para investimento em açúcar e álcool. Para a Renuka, a compra significaria aumento de escala, já que detém uma usina próxima da que está à venda. Mas, para algumas fontes, mesmo com a parceria com a Olam, a indiana não teria “bala na agulha” para entrar na transação dessa magnitude. Procurada, a empresa afirmou que “não tem interesse em falar sobre o assunto”.

No momento, as três companhias estão concluindo a análise dos números, especialmente do passivo, do grupo para fechar a oferta final. Os executivos da Clealco, que teriam colocado a empresa à venda por divergências internas, não quiseram comentar o assunto – disseram apenas que é mera especulação.
Fonte:Estadao11/10/2011