A gestora Vinci Partners acaba de fechar a aquisição da SPS Capital, seu primeiro M&A desde o IPO em Nova York, em janeiro do ano passado. O valor total não foi divulgado, mas a quitação será com um montante em dinheiro agora e um earn-out de até 1,7 milhão de ações em 2027.

Com a transação, a Vinci agrega time e fundos de special situations, enquanto a SPS abre o leque para seus investidores a fundos de ações, multimercados, crédito, infraestrutura e private equity.

“Aquisição já era um dos propósitos da captação no IPO e conversamos com muita gente nesse tempo, mas é um ‘match’ difícil de time, produto, cultura. Com a SPS a gente viu alinhamento em todos esses pontos e uma complementariedade estratégica grande”, disse Alessandro Horta, CEO da Vinci, ao Pipeline. “A SPS é uma das principais gestoras de special situations no país, o que era uma lacuna de produto na Vinci.”

Comandada por Marcelo Mifano, Tomás Jatobá e Benjamin Citron, a casa fundada em 2017 soma R$ 2 bilhões sob gestão. Como sócios da compradora, o trio fica à frente da Vinci SPS. Mifano, que comandava essa área no BTG Pactual antes de fundar a SPS com os sócios, entra para o comitê executivo da Vinci Partners.

Vinci compra gestora SPS Capital

Em novembro, a SPS levantou seu terceiro fundo, de R$ 1,1 bilhão. O cofundador destaca que a casa não capta com rebate, como é comum no mercado, e que há recorrência de investidores entre as safras de fundos. “Com a Vinci, a gente consegue monetizar essa base com outros produtos e pegar mandatos que não se encaixavam para gente antes ou que não faziam sentido para a Vinci, agora com novas soluções”, diz Mifano.

Na SPS Capital, uma das estratégias é financiar disputas judiciais — como o litígio por indenização de Samarco, BHP e Vale devido à tragédia em Mariana, em Minas Gerais. Outro case recente foi a compra da dívida de uma companhia agrícola com a elaboração de um plano de recuperação judicial, que viabilizou a venda de uma fazenda (principal ativo da empresa) por R$ 260 milhões. “Deu um retorno de venture capital e o acionista saiu com dinheiro no bolso, a partir de uma companhia que estava quase quebrada”, exemplifica Mifano.

Horta emenda que o perfil dos investidores também é complementar, com a Vinci acessando estrangeiros e a SPS mais concentrada em institucionais locais.

A SPS tem fundos de longo prazo com lock-up, o que dá previsibilidade de receita. Com negócios “fora da caixa”, fundos de special situations buscam retornos mais agressivos – não à toa gestoras têm investido para criar ou ampliar essa área diante da alta de juros, uma alternativa para o cliente que tem evitado ações e se refugiado na renda variável plain vanilla.

Na transação com a Vinci, o earn-out da SPS está atrelado a metas de captação e de crescimento de receita com taxa de administração. Considerando a cotação atual, essa parcela de pagamento equivale a até US$ 16,5 milhões (cerca de R$ 90 milhões).

Em bolsa, a Vinci é avaliada em US$ 540 milhões (aproximadamente R$ 3 bilhões). No último balanço, no primeiro trimestre, a companhia somava R$ 57 bilhões sob gestão… leia mais em Pipeline 28/07/2022