Enquanto a administração de PetroReconcavo e 3R Petroleum conversam sobre uma potencial fusão, os investidores fazem as contas. Do lado da PetroReconcavo, que foi abordada pela concorrente, já houve sinalização imediata sobre uma necessidade de ajuste na relação de troca de ações. Há dois pontos considerados relevantes nessa conta, segundo investidores ouvidos pelo Pipeline.

O primeiro deles é o comparativo de custo médio de produção (lifting cost) que, na PetroReconcavo, estava em US$ 14,28 por barril de óleo equivalente no quarto trimestre, abaixo do custo da 3R, que foi de US$ 16,7/boe nas operações de onshore.

A preocupação da PetroReconcavo é com a competitividade da empresa combinada num cenário em que o preço do petróleo, hoje em torno de US$ 83 o barril do tipo Brent, caia abaixo do patamar de US$ 60 e US$ 50.

A a 3R busca contrapor esse argumento de lifting cost com outra conta. A companhia pondera que, considerando o custo de logística, a operação é mais eficiente do que a da PetroReconcavo mesmo no primeiro ano de operação do seu maior ativo do Polo Potiguar.

A 3R também argumenta, contudo, que a PetroReconcavo vende o petróleo para refino nas instalações da 3R no Rio Grande do Norte com um desconto, em média, de US$ 9 por barril. “Se a 3R parar de comprar da PetroReconcavo, a companhia teria que vender óleo para outro comprador e teria um custo de logística mais alto”, disse uma fonte próxima à empresa.

As paradas de manutenção no ativo Polo Potiguar, no Rio Grande do Norte, controlado pela 3R, causaram um impacto negativo de R$171 milhões para a PetroReconcavo no quarto trimestre, sendo R$ 128 milhões na receita líquida e R$ 43 milhões de custos extraordinários.

Acionistas da PetroReconcavo também se debruçam sobre a alavancagem financeira. A 3R encerrou o quarto trimestre com uma alavancagem financeira de 2,2 vezes, considerando o Ebitda anualizado do segundo semestre, que inclui a operação de Potiguar, enquanto a PetroReconcavo terminou 2023 com uma dívida líquida/Ebitda de 0,69 vez. Com a potencial fusão das companhias, é esperado que o índice de alavancagem caia para 1,4 vez.

A proposta enviada pela Maha Energy, que tem 5% da 3R, prevê 50% de participação para cada companhia, com a separação da parte onshore da 3R, se tornando a segunda maior empresa independente de petróleo listada na bolsa.

A separação da parte offshore também abriria caminho para 3R negociar, futuramente e se quiser, essa operação com outra companhia como a Enauta e a PetroRio, afirma uma fonte próxima à empresa.

Procurada, a PetroReconcavo não retornou ao pedido de entrevista… leia mais em Pipeline 15/03/2024