O primeiro trimestre de 2023 marcou uma queda de 86% no volume total de aportes em startups brasileiras na comparação com o mesmo período de 2022. Foram captados US$ 247,02 milhões em 91 rodadas nos primeiros três meses do ano, contra US$ 1,7 bilhão em 306 rodadas no mesmo intervalo do ano passado. Os dados foram divulgados no Inside Venture Capital Report, relatório do Distrito que monitora a atuação dos fundos de investimento em empresas de tecnologia no Brasil.

Mais uma vez, as fintechs tiveram o maior volume de investimentos e o maior número de rodadas: US$ 112 milhões e 28%, respectivamente. O setor é seguido por Supply Chain (US$ 51,1 milhões), impulsionado pela rodada de investimento na Daki, que sozinha captou US$ 50 milhões em fevereiro. Energytech vem logo depois, com US$ 48,6 milhões.

Os números deste tri foram afetados tanto pelo contexto macroeconômico global quanto por episódios como a falência do Silicon Valley Bank e o medo de uma crise bancária em uma grandeza semelhante ao que vivemos em 2008. Tudo isso fez com o que os investidores segurassem ainda mais os seus caixas, principalmente no mês de março”, diz Gustavo Gierun, CEO do Distrito.

Aportes em startups brasileiras caíram 86% no 1° trimestre

Gierun aponta que o mercado tem buscado novos meios de captação. “Os dados agora mostram mais founders incrementando seus caixas com operações de dívida e com estruturação de M&A. Essa tendência já aparecia no fim de 2022 e continuou em expansão neste trimestre. São números que acabam mostrando a resiliência das startups em um momento de instabilidade de mercado que muitas delas não haviam vivenciado”, diz.

Um dos exemplos destacados no relatório é a captação de recursos via dívidas. Nos três primeiros meses deste ano, esse tipo de transação registrou uma alta de 14% em número de transações na comparação com o mesmo período de 2022 (foram oito neste ano e sete em 2022). Ao todo, foram captados US$ 317 milhões nesta modalidade neste primeiro trimestre.

O seed stage registrou queda de 74,2% em relação a 2022 e diminuição de 19,91% comparado a 2021. No early stage, o volume de capital investido em startups apresentou variação negativa de 92,6% em relação ao ano passado e redução de 84,16% em relação aos números de aportes do primeiro trimestre de 2021. Enquanto isso, o late stage captou 99,8% a menos que no mesmo período de 2022 e 99,54% a menos que em 2021.

O tíquete médio ficou estável em investimentos de capital semente na comparação ao primeiro trimestre de 2022. Nas rodadas de investimento na série A, teve uma queda substancial de cerca de 61,93%, enquanto na série B a queda foi de 51,37%.

Foram realizadas 32 operações de M&A no período analisado, o que significa uma diminuição de 55% em relação ao ano passado. No entanto, o relatório ressalta que o 1º trimestre de 2022 registrou o maior número de operações de volume de fusões e aquisições (72) desde que o levantamento começou a ser feito.

As startups tiveram maior representatividade no número de aquisições feitas, com 17 transações, representando 53,1% do total. Os M&A’s de empresas tradicionais e de corporações contabilizaram 34,4%, e os investidores institucionais foram responsáveis por 12,5%. As martechs representam o setor mais adquirido, com 4 M&As, seguido por healthtech, com 5… leia mais em PEGN 03/04/2023