Depois de assumir a concessão dos aeroportos de Belém e Macapá, o grupo pernambucano Agemar já tem um crescimento contratado que vai triplicar o Ebitda neste ano. A expansão no setor animou a família Ferreira, controladora da Agemar, a buscar seu primeiro sócio institucional.

A companhia de infraestrutura contratou a Vinci Partners para assessorá-la nas conversas com investidores financeiros e estratégicos. “Estamos começando esse processo, a princípio de participação minoritária, mas ativa. O grupo quer um sócio que traga experiência adicional, que tenha assento no conselho”, conta Felipe Bittencourt, chefe de assessoria financeira na Vinci.

Fundada na década de 80 como Agência Marítima, a Agemar atua em navegação, operação portuária, armazenagem e customização de contêineres marítimos – além dos aeroportos. Em dezembro, o grupo levantou cerca de R$ 400 milhões em debêntures, em seu segundo acesso ao mercado de capitais, como parte da estrutura de financiamento da outorga e capex obrigatório nas duas concessões de aeroportos do Norte. O prazo médio da dívida é de 17 anos.

Com expansão em aeroportos Agemar triplica Ebitda

“Já temos o funding para as obrigações regulatórios e operações atuais, o que estamos buscando é capital para novos negócios”, conta Fabio Fischer, chefe de expansão e mercado de capitais da Agemar. A companhia vê oportunidades em operações imobiliárias nas áreas do entorno de suas concessões. “Temos hoje o embarque e desembarque de passageiros e área comercial, com lojas e serviços, mas vemos diversas oportunidades de real estate e cross selling no Norte”.

O executivo cita, por exemplo, o ‘novo pré-sal’ na margem equatoriana, que pode gerar atendimento aos embarcadores nos aeroportos, com pontos de apoio, e pátio alfandegário desativado.

A companhia está acertando um contrato com multinacional que vai trazer os próprios aviões cargueiros para operação no Norte, reduzindo custos de logística, e está avançando em conversas para tornar os ativos um hub de processamento e refino de ouro.

“Hoje a produção do Pará, Tocantins, Bahia e Minas vai para o aeroporto de Guarulhos, de avião, helicóptero, carro blindado, é um custo alto”, diz Fischer. O Pará responde por cerca de 30% do ouro exportado pelo país.

Esses não são os primeiros aeroportos do grupo. A Agemar tem participação no aeroporto de Fernando de Noronha e é a companhia de navegação que mais transporta hidrocarbonetos para a ilha, exemplo das interconexões entre as áreas de atuação. Por meio da subsidiária DIX, opera ainda os aeroportos de Caruaru, Serra Talhada, Araripina e Garanhuns, nos estados de Pernambuco e Ceará.

Como a estratégia da companhia não é mais a administração de aeroportos de pequeno porte, a DIX já devolveu outras operações menores no Ceará e Pernambuco à Infraero no último ano e deve fazer o mesmo com essa carteira remanescente (com exceção de Noronha).

A DIX detém ainda 49% da empresa que opera 11 aeroportos no interior de São Paulo, como São José do Rio Preto e Presidente Prudente, onde também vê espaço para crescimento imobiliário e comercial, além do aumento no volume de voos.

Em 2023, a companhia teve receita de R$ 140 milhões, chegando a um Ebitda de R$ 37 milhões. Neste ano, com o que tem de contratos e fluxos, as cifras vão saltar para R$ 270 milhões em faturamento, triplicando o Ebitda para R$ 115 milhões.

A Agemar tem recebido propostas por participação ou aquisição em suas unidades de negócios, mas quer trazer um acionista para a holding. “Nossas operações têm muita sinergia, não faria sentido segregar uma unidade neste momento até por transparência com nosso futuro sócio”, diz Manoel Ferreira Neto, presidente da companhia e filho do fundador. “Falta capital no Norte e Nordeste, mas não falta oportunidade”… leia mais em Pipeline 29/02/2024