Apesar do bom momento de atividade econômica, o Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) alerta que, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, o que se viu nas últimas semanas foi uma redução no otimismo sobre quão rápido e quão longe a autoridade monetária poderá avançar no corte dos juros.

No Brasil, a piora do cenário externo se combinou a fatores domésticos que corroboram a necessidade de se manter a taxa de juros mais elevada e por tempo maior. Por exemplo, os dados de atividade que vieram mais fortes no primeiro trimestre que o esperado, assim como dados de crescimento vigoroso de emprego e renda.

Somam-se a isso esforços fiscais do governo para ajudar o Rio Grande do Sul, o que adiciona nova camada de cautela na condução da política monetária.

“Talvez o justo seja parar [de reduzir as taxas de juros]. Podiam descer mais, mas deve-se ter em conta no balanço de riscos que a média das avaliações [sobre inflação] para 2026, 2027 e 2028 vem subindo, e é isso que chamamos de desancoragem de horizontes mais longos na política monetária”, afirma Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro, ao observar que a alta da média geralmente antecipa a da mediana e alertar para uma dispersão de expectativas maiores.

Teria de haver um cenário muito otimista, de taxa de câmbio [mais apreciada], economia desacelerando e inflação mais próxima de 3,5% no ano que vem, para reverter isso. Mas não temos isso no radar. Tem espaço para um corte de 0,25 ponto percentual? Vai depender muito dos dados. Por isso, tudo conspira no sentido de cautela maior na política monetária.”… leia mais em Valor Econômico 22/05/2024