As operações de fusões e aquisições no primeiro semestre recuaram 44,16% em valor negociado e 33,79% no número de transações, confirmando um início de ano fraco para a compra e venda de ativos. Dados da TTR Data mostram que as negociações atingiram R$ 91,4 bilhões, com 868 operações.

A expectativa é que o ano encerre abaixo do total movimentado em 2022, também considerado fraco, mas que na segunda metade do ano seja observada uma aceleração dos negócios, de acordo com bancos de investimentos ouvidos pelos Valor. Em 2022, o total de fusões e aquisições ficou R$ 358 bilhões, com 2.650 operações, um pouco menos da metade em reais movimentados em 2021, quando bateu recorde, ainda segundo dados da TTR Data.

Com o mercado de capitais mostrando sinais de retomada, tanto em ações quanto em dívida, fazendo com que a roda do financiamento tenha começado a girar, algo que também deve começar a estimular novas operações. Operações bilionárias seguem na rua e com expectativa de conclusão ainda neste ano, como o caso da venda da Coelce, pela Enel.

Fusões e aquisições têm 1º semestre mais fraco e recuam
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Segundo um estudo da butique de M&A RGS, as transações envolvendo empresas de energia e utilities já foi o mais aquecido entre 2012 e 2022, com 379 operações no período, movimentando R$ 412 bilhões.

Em recente entrevista ao Valor, Renato Ejnisman, vice-presidente de atacado do Santander, vê muitas transações de energia saindo nos próximos meses.

Na Faria Lima, contudo, a percepção é a de que ainda há um descasamento entre o “buy side” (comprador) e o “sell side” (vendedor) e essa relação deverá se equilibrar nos próximos meses. O entendimento é que a diferença entre os preços do mercado público, ou seja, das empresas listadas, e das de capital fechado é um contexto que tem dificultado o desfecho mais rápido das operações que estão na mesa.

Com o avanço da reforma tributária e do arcabouço fiscal, as negociações de ativos das empresas voltaram a ganhar tração. Mas, diferentemente das operações de mercado de capitais, sobretudo as ofertas subsequentes de ações (“follow-ons”), que são concluídas em poucos dias, a negociação no âmbito de um M&A é muito mais complexo, podendo levar mais de um ano até um desfecho.

O presidente do banco de investimento do UBS BB, Daniel Bassan, aponta que o maior otimismo vem também refletindo o perfil das transações. “No começo do ano, vimos mais mandatos para ‘private placement’ [aporte privado] com companhia levantando primária para redução de endividamento, mas com a melhora do cenário, com expectativa de queda de juros, o perfil das transações voltou a mudar e mais companhias estão voltando a pensar também em crescimento via M&A”, diz. Segundo o executivo, a expectativa é de que o número de operações anunciadas cresça ao longo do segundo semestre deste ano leia mais em Valor Econômico 17/07/2023

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Leia também no Portal Fusões e aquisições: 123 transações em junho/23 – No mês de junho foram realizadas 123 transações em 22 setores da economia brasileira. Se comparado com o mesmo mês do ano anterior, as quedas foram de 33,5% no volume e de 40,8% nos investimentos; No primeiro semestre do ano, com 701 operações e investimentos de R$ 106,1 bilhões, representa queda 24,3% no volume e de redução de 58,9% no valor. Os negócios no mês de junho de 2023, tiveram as seguintes caraterística: (i) Tecnologia da Informação foi o setor de maior apetite no 1ºS/23, em volume e, em investimentos, foi o setor de Produtos Químicos e Farmacêuticos; (ii) 72,6% do volume dos negócios são de pequeno porte, até R$ 50 MM e 93,8% dos investimentos são de negócios de médio e grande portes, acima de R$ 50 MM; (iii) Retorno ao patamar de transações de dois anos atrás – junho/21, no volume acumulado LTM; (iv) Produtos Químicos e Farmacêuticos é o setor de maior apetite nos “megadeals”, que estão retornando – crescimento de 320% em volume no 2ºT/23, e o montante de investimentos cresceram, 472,5%; (v) Metade dos follow-nos do 1ºS/23, ocorreu em junho.
M&A acumulado do volume de transações