O mercado brasileiro de fusões & aquisições em junho de 2023, sinaliza bons ventos. Os “megadeals” estão retornando.

Os negócios incorporados no nosso banco de dados no mês de junho de 2023, tiveram as seguintes caraterística como suas credenciais: (i) Tecnologia da Informação foi o setor de maior apetite no 1ºS/23,  em volume e, em investimentos, foi o setor de Produtos Químicos e Farmacêuticos; (ii) 72,6% do volume dos negócios são de pequeno porte, até R$ 50 MM e 93,8% dos investimentos são de negócios de médio e grande portes,  acima de R$ 50 MM; (iii) Retorno ao patamar de transações de dois anos atrás – junho/21, no volume acumulado LTM; (iv) Produtos Químicos e Farmacêuticos é o setor de maior apetite nos “megadeals”, que estão retornando – crescimento de 320% em volume no 2ºT/23, e o montante de investimentos  cresceram, 472,5%; (v) Metade dos follow-nos do 1ºS/23, ocorreu em junho.

  • No mês de junho foram realizadas 123 transações em 22 setores da economia brasileira, queda de 2,4%, em relação ao mês anterior e investimento de R$ 36,7 bilhões. Se comparado com o mesmo mês do ano anterior, as quedas foram de 33,5% no volume e de 40,8% nos investimentos;
  • No primeiro semestre do ano, com 701 operações e investimentos de R$ 106,1 bilhões, representa queda 24,3% no volume e de redução de 58,9% no valor;
  • Queda de 3,9% do acumulado dos últimos doze meses, 1.527 operações, comparado com o mesmo período do mês anterior. Já em relação ao acumulado dos 12 meses até jun/22, a redução é de 24,2%;
  • Os setores de maior apetite no ano, além de TI, destacam-se Hospitais e Lab. Análises Saúde e Instituições Financeiras. Os segmentos de maior queda foram TI e Instituições Financeiras, e os que mais cresceram em volume foram Hospitais e Lab. Análises Saúde;  Transportes e Supermercados.
  • Dos 40 setores monitorados 31 setores realizaram operações no acumulado ano. 35,5%  apresentaram crescimento enquanto 64,5% tiveram queda no volume de negócios;
  • Foram 509 transações de pequeno porte – até R$ 50 milhões –  no primeiro semestre, com queda tanto no volume como nos investimentos de 20,8 % e 30,3%;
  • O total das operações de médio e grande portes – valores superiores a R$ 50 milhões – no 1ºS/23, somou 192 e investimento de R$ 99,6 bilhões, equivalente a uma redução de 32,2% e queda de 60,0%, respectivamente;
  • Os investimentos no 2º trim./23, cresceram 188,1% em relação ao trimestre anterior.
  • Os “megadeals” estão retornando – aumento do volume trimestral de operações superior a R$ 1,0 bilhão é a que mais se destaca no 2ºT23, com crescimento de 320%. E em termos de montante de investimentos também foram os que mais cresceram, 472,5%.
  • Valor médio das transações no primeiro semestre registra queda de 45,7%.
  • Predomínio dos Investidores Estratégicos no primeiro semestre, com 464 operações, redução de 22,0% no volume e queda de 50,3% nos investimentos;
  • Os investidores Financeiros registraram queda tanto no volume como no montante dos investimentos, de 28,4% e 73,8% , respectivamente;
  • Investidores Nacionais com maior apetite no ano, registraram 607 negócios, queda de 20,9%, e o montante de R$ 60,2 bilhões, com redução de 69,8%;
  • No ano os Investidores Estrangeiros registraram 94 negócios, diminuição de 40,9%, e investimento de R$ 45,9 bilhões, com redução de 22,4%.
  • Foram mapeados 17 negócios realizados por investidores de 8 países. Os EUA, com 8 operações e investimento da ordem de R$ 10,4 bilhões foi o de maior apetite;
  • Maior transação do mês foi a Visa comprando brasileira Pismo por US$ 1 bi.
  • Ritmo intenso no 2ºT/23, de ofertas de ações das empresas – follow-ons. No semestre foram 10 ofertas no Brasil, em 6 setores, no montante de R$ 15,4 bilhões. Teve ainda o IPO da Seacrest Petroleo realizada  na bolsa de Oslo, Noruega.

ANÁLISE DO MÊS

Redução da concentração setorial

Os 5 setores mais ativos – TOP 5 – responderam no mês de junho/23 por 58,5% do total das operações, contra 69,0% no mesmo mês do ano passado, reduzindo o grau de concentração dos TOPs 5. No 1ºS23 os TOP5 responderam por 61,2% do total.

Nº de Transações em jun23

Queda de 2,4% do número de operações em relação ao mês anterior

Foram divulgadas com destaque pela imprensa no mês de junho 123 transações em 22 setores da economia brasileira, registrando uma queda de 2,4% em relação ao mês anterior (126 operações).

Confrontando com o mesmo mês do ano anterior, constata-se uma queda de 33,5%, quando foram apurados 185 negócios.

Transacões por setor

Evolução nos últimos 5 anos

No acumulado do primeiro semestre de 2023, foram apuradas 701 operações, registrando uma queda de 24,3% se confrontado com o mesmo período de 2022, quando foram realizadas 926 operações.

M&A Evolução nos últimos 5 anos

Maiores apetites x maiores quedas

Setores mais representativos no primeiro semestre de 2023.

No gráfico dos setores mais ativos no 1ºSem/23, além de TI, destacam-se com maior número de negócios Hospitais e Lab. Análises Saúde e Instituições Financeiras. As maiores reduções de operações foram TI e Instituições Financeiras; e os setores que mais cresceram  foram Hospitais e Lab. Análises Saúde; Transportes e Supermercados.

Dos 40 setores monitorados pelo PORTAL 31 setores realizaram operações no primeiro semestre, nos dois últimos anos (2022 e 2023), 11 apresentaram crescimento correspondendo a 35,5% – aumento de 39 negócios, enquanto 20 setores registraram queda do volume, equivalente a 64,5%, ou seja, 264 transações, no comparativo entre os semestres assinalados.

No gráfico abaixo destacamos os setores de maior apetite com seus crescimentos e quedas no ano.

M&A Maiores apetites x maiores quedas

O acumulado do volume de transações dos últimos doze meses continua em queda

Junho registra queda de 3,9% do número de transações de M&A acumuladas nos últimos doze meses, com 1.527 operações, comparativamente com o mesmo período do mês anterior. Já em relação ao mesmo período acumulado do ano anterior – jun/22, a queda é de 24,2%. Voltamos ao patamar de transações de dois anos atrás – junho/21.

No gráfico do acumulado, pode-se inferir ciclos distintos de crescimento e queda do número de transações. Destaca prováveis fatores que mais estão repercutindo nas expectativas de investimentos e, no detalhe, (i) a evolução da série histórica do índice BOVESPA (desempenho das ações negociadas na B3), no mesmo período, e (ii) a evolução da taxa de câmbio.

O primeiro semestre 2023, tem como destaque a crise bancária internacional com a quebra do Silicon Valley Bank (SVB), do Signature Bank; e a aquisição do Credit Suisse pelo UBS. E não menos importantes as incertezas macroeconômicas, os mercados de capitais voláteis, o rápido aumento das taxas de juros e o impacto da inflação. As turbulências dessa combinação fizeram com que muitas empresas se concentrassem internamente em vez de fazer aquisições.

M&A acumulado do volume de transações

Porte das transações: predomínio dos pequenos, mas os grandes já não estão tão cautelosos

Das 123 transações apuradas no mês, 76 são de porte até R$ 49,9 milhões – 61,8 % do total e responderam por 2,5 % do seu valor. No acumulado do ano, para este mesmo porte de operações, registraram-se 509 transações representando 72,6% do total e 6,2% do valor. Impactando uma queda de 20,8% no volume e de 30,3 % em valor, comparado com o mesmo período do ano anterior. Mesmo com essas quedas, os investidores estão continuam se concentrando mais em negócios de menor porte.

No mês foram 47 operações de porte superior a R$ 50 milhões, com redução de 14,5% em relação ao mês de jun/22, e investimento de R$ 35,8 bilhões, com queda de 40,7%. Já no acumulado do ano, foram 192 transações e investimento de R$ 99,6 bilhões, significando uma queda de 32,2% em comparação com o ano passado, quando foram concretizadas 283 operações e movimentaram R$ 249,1 bilhões representando uma queda de 60,0%.

Vale destacar que a maior queda ocorreu nas transações de porte de R$ 500 a R$ 1,0 bilhão, em que foram registrados 18 negócios, com uma redução de 50,0%, seguida pela operações de porte superior a R$ 1,0 bilhão, com redução de 43,5%Porte das transações jun23

Participações das transações – volume

No comparativo das participações das transações no acumulado do ano, permite identificar a variação do volume – percentual – em função do porte, ao longo dos últimos 3 anos.

A mudança estrutural mais significativa em relação ao acumulado do ano passado está no crescimento do volume das transações de porte até R$ 50 milhões que aumentaram sua participação relativa de 62,9% para 72,6%.

Participações das transações – volume jun23

Evolução Trimestral: 2ºT23 puxado pelo crescimento dos “megadeals”

O volume de transações do 2ºT23 sinaliza uma retomada do crescimento em todos os intervalos de portes. E o aumento do volume trimestral de operações superior a R$ 1,0 bilhão é a que mais se destaca, com crescimento de 320%, pulando de 5 operações para 21. Os “megadeals” estão retornando a surfar nas ondas das oportunidades.

Evolução Trimestral jun23

Queda de 40,8% do montante dos investimentos em relação ao mesmo mês do ano anterior. Em relação ao mês anterior o crescimento foi de 151,8%

Quanto aos montantes dos negócios realizados no mês, estima-se o total de R$ 36,7 bilhões, com um queda de 40,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior – considerando Valores Divulgados (76,2%) e Não Divulgados/Estimados (23,8%). Em relação ao mês anterior, verifica-se um crescimento de 151,8%

Quanto aos montantes dos negócios realizados no acumulado ano estima-se o total de R$ 106,1 bilhões, representando uma queda de 58,9% em relação ao mesmo período de 2022.

Os investimentos realizados nas operações de porte de R$ 50 a R$ 500 milhões foram os que registraram a menor queda 25,6%, sinalizando um maior otimismo para fusões e aquisições de médio porte.

E a maior redução – 66,5%, ocorreu nas operações acima de R$ 1,0 bilhão.

montantes dos negócios realizados jun23

Distribuição dos montantes trimestrais das transações por porte

Os investimentos realizados no 2º trim./23, revelam um crescimento de 188,1% em relação ao trimestre anterior. E na segmentação por porte, os negócios de porte superior a R$ 1,0 bilhão, foram os que mais cresceram, 472,5%

M&A montantes trimestrais das transações por porte

Perfil dos “megadeals” do primeiro semestre de 2023

Os “megadeals” estão sendo liderados pelo setor de Produtos Químicos Farmacêuticos, tanto em volume como em investimentos.

O aumento do volume trimestral de operações superior a R$ 1,0 bilhão é a que mais se destaca no 2ºT23,, com crescimento de 320%, saltando de 5 operações (1ºT23) para 21. E em termos de montante de investimentos também foram os que mais cresceram, 472,5%. Os “megadeals” estão retornando a surfar nas ondas das oportunidades. Estão sabendo tirar proveito dos períodos de alta volatilidade econômica.

No primeiro semestre foram mapeados 26 “megadeals”, representando 3,7% do total, no montante de R$ 64,9 bilhões (61,2%), e distribuídos em 14 setores.

Em termos de volumes de negócios desse porte, 4 setores responderam por 13 operações, equivalente a 50,0%: Produtos Químicos Farmacêuticos e Companhias Energéticas com 4 operações cada, Instituições Financeiras com 3 e Mineração com 2. Sendo que somente 3 deles responderam pela metade dos investimentos realizados (50,6%): Produtos Químicos Farmacêuticos – 26,4%; Mineração – 13,4% e Instituições Financeiras com 10,8%.

Participações das transações – investimentos

No comparativo das participações das transações no acumulado do ano, permite identificar a variação dos investimentos – percentual – em função do porte, ao longo dos últimos 3 anos.

Merece registro a significativa redução da participação das transações de porte superior a R$ 1,0 bilhão em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto todos os demais portes aumentaram sua participação.

Participações das transações – investimentos M&A

Valor médio das transações – Valor médio das transações no primeiro semestre registra queda de 45,7% em relação ao mesmo período do ano passado.

O valor médio das transações realizadas no acumulado do ano alcançou R$ 151,4 milhões, contra R$ 279,1 milhões no mesmo período de 2022, representando uma redução de 45,7%.

M&A Valor médioAs transações de porte de R$ 50 a R$ 500 milhões, foram as únicas que praticamente se mantiveram estáveis comparativamente com o mesmo período do ano anterior.

Dinâmica & Origem dos Investidores

M&A Dinâmica & Origem dos InvestidoresInvestidores Estratégicos

Os Estratégicos tiveram queda no primeiro semestre de 22,0% no volume e registraram uma redução de 50,3% nos investimentos

O maior apetite neste mês ficou por conta dos investidores Estratégicos com 72 operações (58,5%), e responderam por 61,7% dos montantes investidos. No acumulado do ano, os Estratégicos, com 464 operações registraram queda de 22,0% em relação ao ano passado. Responderam por 66,2% dos negócios e 76,5% dos investimentos, no montante de R$ 81,2 bilhões, o que significa uma redução de 50,3% em relação ao mesmo período do ano de 2022.

Investidores Financeiros

Os investidores Financeiros tiveram uma redução de 28,4% no volume e redução de 73,8% no montante dos investimentos no primeiro semestre de 2023.

Realizaram 51 operações no mês de junho num montante de R$ 14,1 bilhões. No acumulado do ano os investidores financeiros alcançaram 237 operações – redução de 28,4% – correspondendo a 33,8% dos negócios e 23,5% dos investimentos, no valor de R$ 24,9 bilhões, representando uma queda de 73,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Investidores Nacionais

Investidores Nacionais mesmo com maior apetite no primeiro semestre, registram uma queda no volume, de 20,9%, e redução no montante, de 69,8% .

Os investidores de Capital Nacional foram responsáveis no mês por 106 operações, 86,2%, e investimento da ordem de R$ 23,6 bilhões, correspondendo a 64,3% do total.

No 1ºSem/23, os nacionais foram responsáveis por 607 operações – queda de 20,9% em relação ao ano anterior, e responderam por 86,6% das operações. O investimento foi da ordem de R$ 60,2 bilhões, o equivalente a 56,7% do total, correspondendo a uma queda de 69,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Investidores Estrangeiros

No ano os Investidores Estrangeiros registraram queda tanto no volume de transações, 40,9% – como no valor dos investimentos – 22,4%.

Os investidores de Capital Estrangeiro realizaram no mês, 17 operações – 13,8% do total, no montante de R$ 13,1 bilhões – 35,7% do total. No acumulado do ano, os Estrangeiros com 94 operações registraram uma queda de 40,9% – responderam por 13,4% dos negócios. Os investimentos alcançaram o montante de R$ 45,9 bilhões (43,3%), o que significa uma queda de 22,4% em relação ao acumulado ano.

No mês de junho/23, foram mapeados 17 negócios realizados por investidores de 8 países.

Os EUA com 8 operações foram os de maior apetite estrangeiro no mês e um investimento estimado em R$ 10,4 bilhões.

No 1ºSem/23, foram 94 transações realizadas com 25 países. Os EUA lideraram com 40 operações e e investimentos da ordem de 13,4 bilhões

Maior transação do mês de junho/2023:

Follow-ons no 1ºSem/23

O segundo trimestre do ano registrou um ritmo muito intenso de ofertas de ações das empresas – follow-ons. No semestre foram 10 ofertas no Brasil, em 6 setores, no montante de R$ 15,4 bilhões.

O Setor de Hospitais e Lab. De Análises Clinicas liderou com 3 ofertas: Dasa; Hapvida; Oncoclínicas. A maior delas foi realizada pela Localiza, no valor de R$ 4,5 bilhões.

As ofertas 100% primárias lideraram com 5. As 100% secundárias foram duas. E as mistas foram 3 – primária e secundária.

Tem ainda a oferta pública inicial de ações (IPO) da Seacrest Petroleo que realizou na bolsa de Oslo, Noruega, levantando US$ 260 milhões.

  1. Localiza 4,5 bilhões
  2. Casino Assaí 4,0 bilhões
  3. Dasa 1,67 bilhão
  4. Vamos 1,3 bilhão
  5. Hapvida 1,06 bilhão
  6. Oncoclínicas 0,897 bilhão
  7. Smartfit 0,590 bilhão
  8. CVC 0,550 bilhão 
  9. Direcional Engenharia 0,429 bilhão
  10. Orizon gestão de resíduos 0,369 bilhão
  11.  Seacrest Petroleo 1,35 bilhão

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QUEM, O QUÊ, QUANDO, QUANTO, COMO e POR QUÊ

A pesquisa FUSÕES E AQUISIÇÕES – DESTAQUES DO MÊS tem o propósito de captar o “clima” sobre os negócios de Fusões e Aquisições bem como analisar suas principais tendências . Trata-se da compilacão das notícias visando tornar mais acessíveis e conhecidas as transações de fusão, aquisição e venda realizados entre empresas com atuação no Brasil. Todas as informações sobre as operações citadas no presente relatório são obtidas a partir de notícias consideradas confiáveis e de boa-fé publicadas pela imprensa ou pela empresa e divulgadas no “estado” pelo PORTAL FUSÕES & AQUISIÇÕES, não sendo feita qualquer verificação quanto à sua veracidade, precisão ou integridade do conteúdo. Nos esforçamos para fornecer informações e análise de dados atualizados sobre as mudanças que estão ocorrendo nos mercados para ajudar os nossos leitores a entender e aplicar no desenvolvimento dos seus projetos de fusões e aquisições e se antecipar o que vem pela frente. Sempre que possível, serão mencionados os nomes dos compradores – investidores estratégico ou financeiro, dos vendedores, a tese de investimento e principais “value drivers”, o valor da transação, forma de pagamento, múltiplos praticados etc. Muitas vezes a notícia não é clara ou detalhada a respeito dos dados das transações. É bem-vinda toda e qualquer contribuição para tornar as informações mais precisas e transparentes. Caso o conteúdo estiver em desacordo, nos contate que estaremos corrigindo ou mesmo retirando a respectiva informação. PORTAL FUSÕES & AQUISIÇÕES.