De acordo com um novo levantamento realizado por um grupo de líderes de 24 redes de investidores-anjo que conta com nomes como Anjos do Brasil, GVAngels, BR Angels, FEA Angels, entre outros, R$ 68 milhões foram investidos pelo grupo ao longo de 2022. O montante foi destinado a 128 startups.

O estudo, divulgado com exclusividade por PEGN nesta quarta-feira (15/3), também mostra que a projeção de investimentos para 2023 é de R$ 85 milhões, o que representa um crescimento de 25% ante o ano anterior. “A pesquisa mostrou o que já é tendência no Brasil e no mundo: o investimento-anjo tem um propósito de ajudar além do retorno financeiro. Por isso, acaba indo na contramão do movimento [de retração] do mercado. Esperamos aumento, o que não vemos no cenário geral”, declara Maria Rita Spina Bueno, fundadora do grupo de líderes de redes e conselheira da Anjos do Brasil.

A situação do venture capital é bem diferente. Segundo dados da plataforma de inovação Distrito, as startups brasileiras captaram US$ 4,45 bilhões em 2022, registrando uma queda de 54,5% em relação ao ano anterior. Em 2023 o cenário não é promissor até agora: os dados mais recentes, de fevereiro, indicam que foram captados US$ 84,1 milhões no mês, uma queda de 87,8% em relação a 2022.

nvestidores-anjo aportaram R$ 68 milhões em startups em 2022

Na percepção de Bueno, os investidores-anjo também estão mais cuidadosos. No entanto, a movimentação do ecossistema baixou os valores de mercado das empresas, trazendo-os de volta às médias históricas de antes de 2021 — ano recorde de investimentos em startups —, o que gerou oportunidades. Ou seja, para ela, um fator contrabalanceou o outro. “Se não fosse a questão econômica, teríamos números ainda maiores. Chegamos a um ponto de equilíbrio, e os investidores seguem interessados em startups”, afirma.

Desde sua criação em 2017, o grupo liderado por ela aportou em 532 startups e, ao longo dos anos, atraiu 3.258 investidores. O levantamento mostra que houve um crescimento de 27% no número de investidores em 2022 ante 2021. “Tivemos aumento, mas abaixo do potencial que percebemos que existe no Brasil. O lado positivo é que quem vem investir como anjo entende e quer se envolver com o ecossistema de inovação. Não são apenas pessoas que buscam diversificação de investimento”, diz. Bueno estima que, se a situação macroeconômica estivesse melhor, o crescimento poderia ter sido, pelo menos, 20% maior.

Outro dado relevante trata dos valores investidos. Em média, cada investidor aporta R$ 25 mil (máximo de R$ 100 mil e mínimo R$ 5 mil), enquanto as redes investem, em média, entre R$ 400 mil e R$ 800 mil (máximo de R$ 1,5 milhão e mínimo de R$ 100 mil) por rodada. Entre os setores mais visados pelos anjos se destacam agritechs, edtechs, fintechs, foodtechs, construtechs, lawtechs, plataformas SaaS, negócios de impacto socioambiental, varejo e e-commerce.

Os dados também mostram um aumento no interesse em startups em fase de tração — 96% preferem investir em empresas neste estágio. “Com a queda do capital disponível para investimento, as startups estão esperando para captar valores maiores quando já estiverem mais maduras. Esse número me surpreendeu um pouco”, revela, acrescentando que é algo a se observar nos próximos anos para entender se haverá uma consolidação da tendência.

O grupo é composto pelas redes Anjos do Brasil, Babson Angels, BR Angels, BlackWin, Bruin Angels, Columbia Alumni Angels do Brasil, Curitiba Angels, EA Angels, ESPM Angels, FAAP Angels, FDC Angels, FEA Angels, Gávea Angels, GV Angels, Hangar8 Capital, Insper Angels, LAAS, MIT Alumni Angels, NYU Angels, Poli Angels, Sororitê, Urca Angels, Wharton Alumni Angels e WIN Angel… leia mais em PEGN 15/03/2023