A Jive Investments agora é a principal acionista da empresa de logística Sequoia. A gestora conhecida por entrar em negócios em dificuldade assumiu uma fatia de 27,4% das ações ordinárias da companhia por meio de uma conversão antecipada da maior parte do que tem em debêntures. A participação equivale a cerca de R$ 45 milhões em cálculo que considera o preço do fechamento de ontem.

A gestora, que não tinha nenhuma posição na empresa e se limitava a ser uma debenturista, ainda é titular de 13,6 mil debêntures mandatoriamente conversíveis em ações. Se o que foi convertido resultou em uma participação de 27,4%, o que sobrou pode gerar uma fatia adicional de 5,6%. A Jive, portanto, passaria a ter 33% do negócio, e ainda sobraria cerca de 37 mil debêntures não conversíveis. “Vamos fazer essa conversão quando julgarmos oportuno”, disse Mateus Tessler, sócio da Jive, ao Pipeline.

Esta é a primeira vez que a Jive investe no mercado de logística. “É um segmento que precisa de muita escala para ter rentabilidade e vemos a companhia como uma plataforma para estruturar uma empresa que possa ter essa escala, seja com aquisições ou fusões”, afirmou o gestor.

Jive vira maior acionista da Sequoia

Segundo ele, a aposta tem como inspiração o que tem ocorrido em mercados como China, Europa e Estados Unidos. “Vimos esse movimento nesses lugares, de reequilibrar as forças entre clientes e fornecedores, e isso vai acontecer no Brasil também.”

Ao Valor, a Jive já havia indicado, em setembro, que estava de olho em empresas listadas na bolsa, analisando casos em que o negócio estava bem operacionalmente, mas com uma estrutura de capital inadequada. Nesse sentindo, sinalizou à época que começaria as ofensivas por meio da compra de dívidas, para depois ter ações, o que acabou sendo o roteiro na Sequoia. Em outubro, colocou R$ 80 milhões em uma quarta emissão de debênture da companhia, uma captação que somou R$ 100 milhões no total.

A Sequoia, que abriu capital em 2020, tem enfrentado uma desvalorização de 95% desde então, em um cenário de deterioração do balanço. O terceiro trimestre mostrou um prejuízo de R$ 150 milhões, uma reversão ante o lucro líquido ajustado de R$ 8,6 milhões em igual período do ano passado. A receita líquida, por sua vez, caiu 72,5%, para R$ 126 milhões, e o Ebtida ficou negativo em R$ 152 milhões.

A empresa, que afirma estar passando por uma reestruturação financeira e tem R$ 392 milhões de dívida líquida, disse após a divulgação do balanço que os R$ 100 milhões captados via debênture serão utilizados exclusivamente na atividade operacional, para retomar o crescimento. Também informou que reduziu em 79% o saldo devedor da debêntures da terceira emissão.

Tessler explica que a aposta na recuperação da companhia também se sustenta na expectativa de que o mercado de ações está em uma tendência de melhora para 2024, em meio ao ciclo de queda de juros, e vê a própria Sequoia perto de uma virada nos resultados no início do ano que vem. “A empresa tem passado por uma reestruturação, e o que nos entusiasmou é que eles conseguiram implementar esse turnaround e esse downsize da estrutura, mas ainda há um trabalho a ser feito.”

Segundo ele, ainda é cedo para falar em mudanças concretas mas, como a Jive se tornou a principal acionista da empresa, é esperado que haja alterações na gestão e no conselho para refletir a posição da gestora. “São mudanças necessárias. A empresa passou por uma perda de credibilidade e é importante resgatar isso.”

A gestora, embora não seja focada no mercado acionário e sim em special situations, segue de olho em outras empresas da bolsa, com mais duas transações que estão no radar… leia mais em Pipeline 21/11/2023