Diretora de pesquisa em ações no banco acredita que mercado doméstico pode estar nos estágios iniciais de um ‘bull market’ cíclico com duração de até 18 meses.

O Santander, que tinha projeção de 122,5 mil pontos para o Ibovespa no fim de 2023, revisou o número para cima e agora espera que o índice alcance os 140 mil pontos em junho de 2024, dada a recente melhora nos dados macroeconômicos e de sentimento. A diretora de pesquisa em ações do Santander Brasil, Aline Cardoso, acredita que o mercado doméstico pode estar nos estágios iniciais de um “bull market” cíclico com duração de até 18 meses.

Entre os argumentos favoráveis à tese, a executiva afirma que os “valuations” (valor de mercado) da bolsa brasileira ainda estão 1 desvio padrão abaixo da média histórica de 15 anos e que o ciclo de corte de juros deve alimentar uma reclassificação das ações brasileiras. Nessa linha, de acordo com estudo do banco, que considerou nove ciclos anteriores de flexibilização monetária, o Ibovespa subiu, em média, 21% e 43%, 12 meses e 24 meses após o primeiro corte de juros, respectivamente.

Segundo o documento, o posicionamento técnico atual da bolsa também permite visão otimista. O Santander aponta que 62% dos fundos locais ainda têm posição de caixa em linha ou acima da média histórica; os hedge funds encerraram recentemente suas posições vendidas, mas ainda não construíram exposição significativa à bolsa; e os resgates de fundos de ações começaram a diminuir.

“Acreditamos que, assim que a taxa Selic cair abaixo de 10%, devemos começar a ver entradas significativas de investidores pessoa física em fundos de ações. Ademais, as projeções de crescimento dos lucros das empresas para 2024 começaram a ser revisadas para cima e as revisões devem acelerar assim que o Banco Central iniciar o ciclo de flexibilização monetária”, diz o texto.

O banco vislumbra, adicionalmente, que, uma vez aprovado o novo marco fiscal, a prioridade do Congresso passa a ser a aprovação da reforma tributária, que deve ser votada na Câmara dos Deputados em julho e pode aumentar o PIB em 20% no longo prazo, segundo alguns economistas.

Não obstante, uma desaceleração do PIB é vista como um possível vetor negativo. “Caso isso ocorra, poderemos ver o Governo Federal usando bancos estatais, como BNDES e Caixa Econômica Federal, para reativar o crescimento por meio de empréstimos subsidiados, o que poderia prejudicar bancos privados e empresas.”

Também são vistos com cautela um possível “sell-off” (grande volume de vendas do papel em pouco tempo) das commodities por conta de um eventual “hard landing” (desaceleração mais forte que o esperado) da economia global, o que teria impacto negativo nas contas fiscais do Brasil e no desempenho do real; e o avanço de proposta de implementação de impostos sobre dividendos e eliminação do benefício de JCP.

Os setores favoritos do banco no momento são consumo discricionário; transportes; e tecnologia e telecomunicações, enquanto mineração e siderurgia e financeiro com a exceção de bancos são os com pior recomendação. Este conteúdo foi publicado pelo Valor PRO, ..Leia mais em valorinveste.globo. 27/06/2023