Por que novatas na bolsa estão sentadas no caixa
É consenso entre investidores e analistas que houve um excesso de IPOs no boom de 2020 e 2021, impulsionado pela euforia dos juros no menor nível na história. Mas a Selic logo voltou a subir com velocidade e a maioria das empresas foi pega de calças curtas. Hoje, boa parte negocia a um valor abaixo da estreia — e algumas se desvalorizaram tanto que valem na bolsa menos do que mantiveram em caixa.
Das 73 companhias que abriram capital à época, duas estão vivendo essa distorção no momento: Getninjas e Agrogalaxy. Há também outras que estão muito próximas desse cenário e acabam oscilando perto desse patamar, como Enjoei, Ambipar, Méliuz e Westwing, segundo levantamento feito pelo TradeMap.
O que essas companhias têm em comum (à exceção de Ambipar) é que entraram na bolsa numa fase de crescimento, quando a tolerância do mercado para a linha final do balanço era grande, diante de métricas de expansão. Na inversão de cenário, o grupo teve que desacelerar e poupou caixa — ainda com resultado negativo ou lucro recente e pouco relevante, instrumento relevante de liquidez para dar alguma tranquilidade a investidores, credores e fornecedores.
Além disso, muitas captaram no IPO para fazer aquisições e acabaram percebendo que o processo de M&A poderia ser mais complexo do que se imaginava, seja por dificuldades para encontrar uma possível adquirida que fizesse sentido ou para chegar a um acordo quanto ao preço. “Nesse meio do caminho, os juros saíram de 2% para quase 14% em dois anos e passou a valer mais a pena deixar o caixa rendendo CDI”, disse um gestor ao Pipeline. “Sem falar que muitas têm uma operação que, sem o crescimento das aquisições que não ocorreram, precisam de pouco caixa para rodar.”… saiba mais em Pipeline 24/11/2023