Nada menos que um quarto do que os EUA gastam em saúde é desperdício. No Brasil, a estimativa é da mesma ordem. Lá, são US$ 765 bilhões por ano. O investimento global em startups de saúde, em 2021, foi 5% disso. Em sistemas muito grandes, obviedades como reduzir custos demandam grandes estratégias. No caso, de transformação sistêmica, figital (físico + digital).

Transformar a saúde é revolucionar como pensar e fornecer serviços de saúde. Tecnologias da informação e da comunicação podem servir de base para mudar o trabalho dos profissionais de saúde e a interação entre eles e com as pessoas enquanto pacientes. Mas não é a tecnologia que transforma, é a estratégia que muda tudo.

Boa parte do desperdício em saúde vem da falta de cuidado preventivo. Aí, transformação pode ter impacto: dispositivos que pessoas “vestem”, smartphones e apps podem medir atividade física, monitorar sinais, receber recomendações e servir de base para uma abordagem proativa, tratando pessoas como pessoas e não como pacientes.

Saúde depende cada vez mais da inteligência de dados

E o atendimento, quando nos tornamos pacientes, começa a se transformar: o ecossistema de saúde desperta para uma gestão estratégica do ciclo de vida de informação das pessoas (também enquanto pacientes), para unificar silos de dados de cada consultório e clínica em uma visão única, essencial para a eficiência e eficácia dos serviços de saúde, sob controle das pessoas e não dos operadores de saúde.

Aumentar tal eficiência e eficácia, reduzir erros e melhorar os resultados dos pacientes não é um problema de adoção de novas tecnologias, mas de estratégia, que demanda a transformação dos processos na saúde. E não se transforma saúde sem dados, sem estratégia de informação. O desempenho dos profissionais depende cada vez mais de dados, informação e sua análise. Dados confiáveis e análise de qualidade levam a decisões mais bem informadas, precisas e seguras sobre o atendimento às pessoas enquanto pacientes. Isso inclui a identificação de padrões e tendências, distinguindo riscos e melhorando resultados.

Aplicações de inteligência artificial em saúde — quando tivermos uma gestão estratégica, efetiva, do ciclo de vida de informação das pessoas enquanto pacientes — deverão ter um impacto radical na velocidade e na qualidade dos diagnósticos e tratamentos personalizados. O que depende, também e principalmente, da disposição dos profissionais de saúde — que não foram treinados para usar inteligência artificial nas universidades e para aceitar e usar novas tecnologias no seu ambiente de trabalho.

Internet das coisas IoT e 5G são cruciais na transformação digital em saúde. IoT conecta dispositivos e sistemas em larga escala e compartilha dados em tempo real. Isso pode ser usado para monitorar a saúde do paciente e melhorar a coordenação dos cuidados.

Espera-se que o 5G melhore muito a conectividade e permita o uso de tecnologias avançadas, como realidade virtual e aumentada em saúde, tornando o espaço de saúde verdadeiramente figital leia mais em Valor Econômico 10/02/2023