A OMC declarou o final do estado de emergência sanitária imposto pela epidemia global de covid-19. Neste período, vivemos momentos de turbulência quase sem precedentes na economia mundial.

Por conta do gigantesco custo humanitário, os governos adotaram medidas de grande envergadura na saúde pública e nas políticas econômicas. Simultaneamente, consolidaram-se grandes mudanças na geopolítica global, na questão climática e no desenvolvimento tecnológico. Do ponto de vista dos negócios, a volatilidade e a incerteza decorrentes dessas tendências se traduziram, mais do que tudo, no binômio sobrevivência e consolidação.

Aqui no Brasil, a evolução recente do varejo talvez seja a melhor ilustração desse fenômeno. Como é fartamente sabido, imediatamente após o início da pandemia, milhões de pessoas começaram a trabalhar em casa, apoiados pela política fiscal e monetária e pelas empresas. Nesse momento, a demanda de bens dá um salto, sendo atendida pelo comércio eletrônico. Os preços disparam.

Em consequência, as empresas preparadas tecnologicamente beneficiaram-se muito. O inverso aconteceu com as demais, que tiveram um ajuste doloroso: algumas quebraram, outras encolheram e se descapitalizaram. Com a vacina e o retorno à normalidade, a demanda se voltou para os serviços, no momento em que os BCs acionaram a política monetária, visando controlar a inflação.

A forte alta nos juros e o baixo crescimento do País nos últimos anos resultaram numa piora na renda das famílias e nas condições financeiras dos negócios, especialmente nos setores que não podem contar com o mercado internacional, como é o caso do comércio.

É nesse momento que explode o caso Americanas, tão surpreendente e grande que levou em poucos dias a uma completa reprecificação dos empréstimos bancários em todos os seus aspectos: limites, custos, duração e colaterais. Isso sem falar nos saques sofridos pelos fundos de crédito.

Em consequência, tornou-se inevitável uma consolidação no varejo, cujos sinais já são evidentes. Basta olhar o número de companhias que buscam reestruturar a operação. E parece claro que Lojas Americanas jamais voltará a ter a relevância que teve no setor. Seu modelo de se financiar pesadamente sobre os fornecedores não mais será replicado. … saiba mais em Estadão 13/05/2023