Dois fundos de investimentos internacionais ligados à tese climática acabam de chegar ao Brasil, o BNP Paribas Energy Transition, da gestora francesa BNP Paribas Asset Management, e o Templeton Global Climate Change, da americana Franklin Templeton.

Em paralelo, gestores brasileiros se movimentam. A JGP Asset Management mantém há quase três anos um produto de crédito privado com foco em clima e soluções baseadas na natureza que aplica em 14 projetos. A gestora de investimentos alternativos eB Capital já captou para um fundo de clima, enquanto a Fama Investimentos se prepara para lançar seu primeiro na temática. Além disso, fundos de investimento de impacto, como Vox Capital, Good Karma Partners, Positive Ventures e MOV, já prospectam startups e negócios em crescimento com olhar para descarbonização, soluções socioambientais e preservação de florestas.

Todo esse movimento evidencia duas coisas: que a estratégia climática já atrai capital e que essas casas veem, nos investidores brasileiros, apetite para este perfil de produto, em especial os institucionais, como fundos de pensão, seguradoras e outros fundos de investimentos, que visam retornos a médio e longo prazos. Ainda que a alta taxa de juros no Brasil atrapalhe, a aposta das casas é na retomada, em breve, da procura por diversificação dos portfólios, em um momento em que os temas ESG (sigla em inglês para questões ambientais, sociais e de governança corporativa) estão em evidência.

Temática do clima atrai fundos de investimento
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“Faz sentido ter produtos temáticos em ESG porque é uma estratégia importante no médio e longo prazos, e não moda passageira. Nossa estratégia é olhar as oportunidades oferecidas globalmente para construir uma boa diversificação para clientes”, comenta Luiz Sorge, CEO da BNP Asset no Brasil. Com o novo produto, a casa já tem dois fundos globais com tese ESG.

Prova de que as gestoras estão mais engajadas na pauta climática é o número de signatárias da The Net Zero Asset Managers Initiative, criada em dezembro de 2020 para ajudar na redução de gases de efeito estufa (GEE) dos portfólios. São 301 membros que administram US$ 59 trilhões e se comprometeram a chegar ao net zero até 2050. Na lista, estão as brasileiras JGP, Fama e eB Capital, assim como internacionais com operação aqui, como BlackRock, BNP e Templeton.

Relatório da consultoria McKinsey e do Institute of International Finance (IIF) traz estimativa de que as gestoras serão responsáveis por oferecer de US$ 950 bilhões a US$ 1,5 trilhão por ano, até 2050, entre alocações em ações, crédito privado, venture capital e private equity para oportunidades ligadas ao clima. Na Morningstar, plataforma que congrega informações sobre fundos, há cerca de cem produtos na categoria “Equity Ecology” – ainda é difícil saber quantos têm especificamente tese climática.

ESG é uma estratégia de longo prazo, não uma moda passageira” — Luiz Sorge

“Mesmo com o Acordo de Paris e a busca por energia limpa, materiais menos poluentes e circularidade, as emissões de gases de efeito estufa (GEE) continuam a subir. Mas vemos que há também muitas pessoas levando a sério a descarbonização. Buscamos, assim, negócios que são vencedores por já estarem em velocidade acelerada na mudança climática”, afirma… leia mais em Valor Econômico 14/06/2023