Em uma recente entrevista exclusiva ao Startupi, Tamara Steffens, Diretora da Thomson Reuters Ventures, compartilhou em que pé está o, não tão novo, fundo de investimento quando o assunto é aportes em startups de inteligência artificial.

A TR Ventures é um fundo com orientação financeira e foco na Série A, com ênfase no alinhamento estratégico com a sua controladora, a empresa de comunicação Thomson Reuters. Com isso, em 2021, passou a investir em tecnologia tributária, tecnologia jurídica, fraude em tecnologia, meios de comunicação, fintechs e insurtechs, áreas onde possui profundo conhecimento de produtos e pesquisa.

Em 2023, o fundo atualizou sua estratégia para surfar na onda da inteligência artificial generativa e acreditando que a IA revolucionária o futuro do trabalho para profissionais em todo o mundo, e fez uma adição de mais de US$ 100 milhões por ano para investir em IA generativa.

“Até hoje a TR Ventures fez 17 investimentos. Só em 2023 fizemos 10 aportes e destes 9 foram em inteligência artificial, seja incorporando componentes de IA em seus produtos ou oferecendo soluções totalmente verticalizadas nesse campo”, afirmou Tamara.

Quando questionada sobre a visão da Thompson Reuters Ventures em relação ao mercado de AI, Steffens falou sobre a importância das categorias tecnologia tributária e jurídica para a aplicação da IA. “Essas categorias são perfeitas para a aplicação, ou para usar AI, para aumentar e criar produtos ótimos”, diz ela. Observando o interesse crescente no setor, Steffens destacou que muitas outras empresas de capital de risco (CVC) também estão desenvolvendo teses detalhadas sobre investimentos em AI, especialmente em áreas como fintech.

Além disso, a diretora analisou que quando os fundos começam a investir em IA, eles olham para uma tecnologia que possa maximizar o uso da IA para melhorar custos e velocidade dentro de um negócio. “Eu ainda acho que tem uma grande tecnologia sendo desenvolvida nesses espaços. Nós olhamos isso de uma perspectiva vertical, então como você aplica IA no setor tributário e jurídico para gerar salários melhores, acelerar processos e ter uma qualidade melhor no serviço? Isso trará um retorno real no investimento feito”, explicou, uma vez que desenvolver soluções com IA depende de um alto custo, portanto, é fundamental garantir uma fonte de receita por meio do pagamento dos usuários para utilização dessa tecnologia.

Tamara destacou a abordagem das startups em relação ao uso de Modelos de Linguagem de Máquina (LLMs) já estabelecidos no mercado, como OpenAI e Anthropic. Ela destacou a permissibilidade desse cenário, afirmando que desenvolver uma aplicação com propriedades únicas e potencial de geração de receita, mesmo estando baseada em um LLM existente, é aceitável, mas é importante que as startups consigam se desvincular dessas empresas terceiras se for necessário. “Muitas startups usam diversas LLMs para ter um melhor produto e uma melhor velocidade de uso das suas soluções, isso gera otimização de recursos e uma adaptação mais eficaz às demandas do mercado. Além disso, usar LLMs que estão no mercado permite uma atualização mais rápida se houver uma evolução tecnológica.”

Brasil vs. EUA no setor de IA

Tamara abordou a perspectiva do mercado de IA tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, destacando semelhanças e diferenças. Ela observou que, embora os casos de uso possam variar um pouco entre os dois países, a base é a mesma. Além disso, o mercado brasileiro em si é grande o suficiente para sustentar startups em território nacional, e ainda oferece oportunidades de expansão para toda América Latina. “O Brasil está próximo dos Estados Unidos em termos de desenvolvimento de IA, mas devemos levar em consideração as diferenças nas leis e regras dos setores financeiros e jurídicos, por exemplo.”

Sobre o papel dos investidores, Tamara enfatizou a importância de considerar o setor de IA, mas também reconheceu que nem todos os problemas precisam necessariamente de soluções baseadas em IA. Ela estimou que cerca de 70% das startups estão aplicando IA em suas soluções, enquanto 30% estão resolvendo problemas de outras maneiras.

No que diz respeito aos investimentos no Brasil, a diretora destacou que uma startup específica já está sendo considerada para receber investimento do fundo, embora o nome da empresa ainda precise ser mantido em sigilo. O mercado verá atividades da TR Ventures na região nos próximos três a seis meses, evidenciando um forte interesse em contribuir para o ecossistema empreendedor do país e da América Latina como um todo… leia mais em Startupi 17/04/2024