Às vésperas da assembleia da Redecard, em que apenas os acionistas minoritários da empresa de cartões vão decidir se querem ou não um novo laudo de avaliação para o fechamento de capital da companhia, ninguém arriscava dizer qual o desfecho da reunião.

 Tudo vai depender da porcentagem do capital da empresa que está nas mãos dos brasileiros, que em sua maioria não querem um novo laudo; e de estrangeiros, que estão divididos sobre o tema.

 De um lado, a gestora americana Lazard solicitou um novo laudo e indicou o Credit Suisse para fazê-lo. O fundo, que oficialmente tem 10% do capital da companhia e 18,8% das ações no mercado, afirma a interlocutores que tem grande apoio de outros estrangeiros – inclusive das consultorias de voto ISS e Glass Lewiss, favoráveis ao novo laudo.

 Do outro lado, estão, majoritariamente, os investidores brasileiros. Muitos deles, desde o princípio, acreditavam que o preço oferecido pelo Itaú, de R$ 35 mais dividendos, era adequado. Eles apontam que a equipe de análise do Credit Suisse já avaliava a Redecard em R$ 35. E ponderam que o Itaú já mostrou que não está blefando quando diz que não elevará o preço ofertado e, apesar de o banco ter voltado atrás na decisão de retirar a companhia do Novo Mercado, manteve a avaliação de enfraquecimento do negócio – e os brasileiros querem acabar logo com o assunto.

 Aparentemente, eles têm boas chances de conseguir isso. Nos últimos dias, as taxas e volumes de aluguel das ações da Redecard dispararam a níveis históricos. Os investidores domésticos, que inicialmente venderam as ações para ficar longe de uma disputa com o Itaú, voltaram a se posicionar nos papéis. Uma pista de que o mercado acredita que o Itaú não elevará a oferta é que as ações da Redecard, antes negociadas a R$ 35, caíram para R$ 32 na bolsa. Esse fator estimulou a montagem de posições de fundos que apostam em lucros em eventos de curto prazo e que, portanto, são contra o laudo.

 A Skopos já declarou ter perto de 5% das ações da companhia na bolsa. Em uma atualização do manual da assembleia, o Credit Suisse informa que, por meio de fundos proprietários, tem perto de 0,9% das ações da Redecard. O banco está conflitado para votar na assembleia. No entanto, a Credit Suisse Hedging Griffo, que praticamente não possuía ações em março, em maio tinha também fatia perto de 0,9% da empresa. Procurada pelo Valor, a Griffo não informou se irá votar na assembleia ou não.

 Investidores questionam o apoio dos estrangeiros a Lazard porque a posição de muitos deles está em contratos de swap em que estão expostos à variação das ações da empresa, no entanto não têm a propriedade dos papéis e portanto não votam. Além disso, alguns estrangeiros, por conta das burocracias e prazos necessário para votar no Brasil, podem não conseguir se manifestar na assembleia. Circulavam ainda no mercado informações de que a própria Lazard já teria vendido uma parte de suas ações. Por Ana Paula Ragazzi
Fonte: Valor Econômico 17/05/2012