Depois do boom de IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) nas bolsas de valores nos últimos anos, a expectativa do mercado financeiro é de que o ritmo diminua drasticamente em 2022. A acelerada alta dos juros no país e o cenário eleitoral incerto impõem, na visão de analistas, dificuldades para as empresas que se preparam para abrir o capital.

Além disso, fatores externos, como a retirada dos estímulos fiscais dos Estados Unidos, podem atravancar os IPOs de companhias brasileiras no ano. “Desde o último trimestre de 2021 o apetite do investidor tanto estrangeiro como brasileiro tem diminuído. Os fundos de ações que receberam volumes gigantescos de aportes começaram a identificar um movimento inverso, com a migração dos recursos para renda fixa”, avalia Flávio Pestana, sócio da OBB Capital.

Outro fator que pressiona essa tomada de decisão é a performance aquém do esperado para o Ibovespa, que pressiona os papéis das companhias listadas e tortura os múltiplos daquelas que estão na fila para IPOs. Para se ter uma ideia, 52% dos IPOs de 2021 saíram no piso da faixa indicativa de preço ou abaixo dela, segundo levantamento da MZ Consult. “Os investidores saíram muito machucados de 2021 e ainda vai levar um tempo para eles recuperarem plenamente a confiança”, diz Evandro Bertho, sócio-fundador da Nau Capital.

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Atualmente, há 27 companhias em processo de abertura de capital na B3. Nenhuma delas, no entanto, faz os olhos do mercado brilharem muito. Na fila, alguns dos destaques são a CSN Cimentos, a rede de academias BlueFit e a holding de supermercados Cencosud Brasil. De modo geral, o ano de 2022 deve ser de mais pé no freio para as empresas, que vão pensar duas vezes antes de partir em direção à bolsa de valores.

Saiba mais em Veja 14/01/2022