O mercado brasileiro de fusões & aquisições em agosto de 2023 indica retomada discreta.

Os negócios incorporados no nosso banco de dados no mês de agosto de 2023, tiveram as seguintes caraterística como suas credenciais: (i) Tecnologia da Informação foi o setor de maior apetite no acumulado do ano, em volume e, em investimentos, foi o setor de Companhias Energéticas; (ii) 63,9% do volume dos negócios são de pequeno porte, até R$ 50 MM e 97,2% dos investimentos são de negócios de médio e grande portes, acima de R$ 50 MM; (iii) Retorno ao patamar de transações de mais de dois anos atrás – maio-junho/21, no volume acumulado do ano; (iv) Copel precifica oferta para privatizar a empresa e movimenta R$ 5,2 bilhões.

  • No mês de agosto foram realizadas 144 transações em 24 setores da economia brasileira, crescimento de 8,3%, e de 18,8% nos investimentos, que alcançaram R$ 49,4 bilhões, comparativamente ao mês anterior. Se em relação ao mesmo mês do ano anterior, verifica-se queda no volume de 10,6%, quando foram realizadas 161 operações e de crescimento de 43,6% nos investimentos referente a R$ 30,3 bilhões.
  • No acumulado do ano, com 978 operações e investimentos de R$ 197,1 bilhões, representa queda 19,9% no volume e de redução de 39,0% no valor;
  • Queda de 1,1% do acumulado dos últimos doze meses, 1.509 operações, comparado com o mesmo período do mês anterior. Já em relação ao acumulado dos 12 meses até ago/22, a redução é de 22,3%;
  • Os setores de maior apetite no ano, além de TI, destacam-se com maior número de negócios Hospitais e Lab. Análises Saúde, Instituições Financeiras e Alimentos e Bebidas. As maiores reduções de operações foram em TI, Companhias Energéticas e Instituições Financeiras; e os setores que mais cresceram foram Transportes, Imobiliário, Hospitais e Lab. Análises Saúde;
  • Dos 40 setores monitorados 33 setores realizaram operações no acumulado ano – 27,3% apresentaram crescimento enquanto 72,7% tiveram queda no volume de negócios;
  • Foram 696 transações de pequeno porte – até R$ 50 milhões – nos primeiros oito meses do ano, com queda tanto no volume como nos investimentos de 16,8 % e 25,4%;
  • O total das operações de médio e grande portes – valores superiores a R$ 50 milhões – no acumulado do ano, somou 282 e investimento de R$ 187,9 bilhões, equivalente a uma redução de 26,6% e queda de 39,5%, respectivamente;
  • Realizados 48 “megadeals” – operações superior a R$ 1,0 bilhão – distribuídos em 19 setores. Os 5 maiores negócios responderam por 45,5% dos grandes negócios.
  • Valor médio das transações no acumulado do ano registra queda de 23,8%.
  • Predomínio dos Investidores Estratégicos nos primeiros oito meses do ano, com 659 operações, redução de 17,4% no volume e queda de 31,9% nos investimentos;
  • Os investidores Financeiros registraram queda tanto no volume como no montante dos investimentos, de 24,6% e 55,1% , respectivamente;
  • Investidores Nacionais com maior apetite no ano, registraram 829 negócios, queda de 18,9%, e o montante de R$ 112,0 bilhões, com redução de 52,3%;
  • No ano os Investidores Estrangeiros registraram 149 negócios com 40 países, diminuição de 25,1%, e investimento de R$ 85,0 bilhões, com redução de 3,6%.
  • Foram mapeados 23 negócios realizados por investidores de 10 países. Os EUA, com 10 operações e investimento da ordem de R$ 8,9 bilhões foi o de maior apetite.
  • Grupo Pátria vence leilão de rodovia no Paraná e  Minerva compra 16 plantas da Marfrig  por R$ 7,5 bi, foram as maiores operações do mês.
  • Maior transação do ano, até o momento, foi realizado pela Arábia Saudita por intermédio da joint-venture liderada pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (FIP), que ficou com 10% da da venda da participação de 13% da nova companhia Vale Base Metals Limited (VBM), por US$ 3,4 bilhões (R$ 16 bilhões).

ANÁLISE DO MÊS

Aumento da concentração setorial

Os 5 setores mais ativos – TOP 5 – responderam no mês de agosto/23 por 59,7% do total das operações, contra 62,7% no mesmo mês do ano passado, reduzindo o grau de concentração dos TOPs 5.

Crescimento de 8,3% do número de operações em relação ao mês anterior

Foram divulgadas com destaque pela imprensa no mês de agosto, 144 transações em 24 setores da economia brasileira, registrando um crescimento de 8,3% em relação ao mês anterior (133 operações).

Confrontando com o mesmo mês do ano anterior, constata-se uma queda de 10,6%, quando foram apurados 161 negócios.

Evolução nos últimos 5 anos

No acumulado do ano de 2023, foram apuradas 978 operações, registrando uma queda de 19,9% se confrontado com o mesmo período de 2022, quando foram realizadas 1.221 operações.

Maiores apetites x maiores quedas

Setores mais representativos nos primeiros oito meses de 2023.

No gráfico dos setores mais ativos nos primeiros oito meses de 2023, além de TI, destacam-se com maior número de negócios Hospitais e Lab. Análises Saúde, Instituições Financeiras e Alimentos e Bebidas. As maiores reduções de operações foram TI, Companhias Energéticas e Instituições Financeiras; e os setores que mais cresceram foram Transportes, Imobiliário; Hospitais e Lab. Análises Saúde; Produtos Químicos e Petroquímicos; Supermercados; e Fertilizantes.

Dos 40 setores monitorados pelo PORTAL, 33 setores realizaram operações nos primeiros oito meses, nos dois últimos anos (2022 e 2023), 9 apresentaram crescimento correspondendo a 27,3% – aumento de 41 negócios, enquanto 24 setores registraram queda do volume, equivalente a 72,7%, ou seja, 284 transações, no comparativo entre os períodos acumulados.

No gráfico abaixo destacamos os setores de maior apetite com seus crescimentos e quedas no ano.

O acumulado do volume de transações dos últimos doze meses continua em queda

Agosto registra queda de 1,1% do número de transações de M&A acumuladas nos últimos doze meses, com 1.509 operações, comparativamente com o mesmo período do mês anterior. Já em relação ao mesmo período acumulado do ano anterior – ago/22, a queda é de 22,3%. Voltamos ao patamar de transações de mais de dois anos atrás – maio-junho/21.

No gráfico do acumulado, pode-se inferir ciclos distintos de crescimento e queda do número de transações. Destaca prováveis fatores que mais estão repercutindo nas expectativas de investimentos e, no detalhe, (i) a evolução da série histórica do índice BOVESPA (desempenho das ações negociadas na B3), no mesmo período, e (ii) a evolução da taxa de câmbio.

Nos primeiros oito meses de 2023, tem como destaque a crise bancária internacional com a quebra do Silicon Valley Bank (SVB), do Signature Bank; e a aquisição do Credit Suisse pelo UBS. E não menos importantes as incertezas macroeconômicas, os mercados de capitais voláteis, o rápido aumento das taxas de juros e o impacto da inflação. As turbulências dessa combinação fizeram com que muitas empresas se concentrassem internamente em vez de fazer aquisições. O sentimento agora é de que tende para uma estabilização com perspectivas de crescimento.

Porte das transações por volume e montantes

Volume transações: predomínio dos pequenos, mas os grandes estão avançando.

Das 144 transações apuradas no mês, 92 são de porte até R$ 49,9 milhões – 63,9 % do total e responderam por 2,8 % do seu valor. No acumulado do ano, para este mesmo porte de operações, registraram-se 696 transações representando 71,2% do total e 4,7% do valor. Impactando uma queda de 16,8% no volume e de 25,4 % em valor, comparado com o mesmo período do ano anterior. Mesmo com essas quedas, os investidores continuam se concentrando mais em negócios de menor porte.

Em relação as operações de porte superior a R$ 50 milhões, foram realizadas no mês 52 transações, redução de 7,1% em relação ao mês de ago/22, e investimento de R$ 48,0 bilhões, com crescimento de 46,5%. Já no acumulado do ano, foram 282 transações e investimento de R$ 187,9 bilhões, significando quedas de 26,6% e de 39,5%, respectivamente.

Vale destacar que a maior queda ocorreu nas transações de porte de R$ 500 a R$ 1,0 bilhão, em que foram registrados 22 negócios, com uma redução de 47,6%, seguida pela operações de porte de R$ 50 a R$ 500 milhões, com redução de 25,4%. 

Crescimento do montante dos investimentos: 43,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior, e em relação ao mês anterior o crescimento foi de 6,7%

Quanto aos montantes dos negócios realizados no mês, estima-se o total de R$ 49,4 bilhões, com um crescimento de 43,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior – considerando Valores Divulgados (83,8%) e Não Divulgados/Estimados (16,2%). Em relação ao mês anterior, verifica-se um crescimento de 18,8%. Terceiro mês de crescimento consecutivo.

Quanto aos montantes dos negócios realizados no acumulado ano estima-se o total de R$ 197,1 bilhões, representando uma queda de 39,0% em relação ao mesmo período de 2022.

Os investimentos realizados nas operações de porte de R$ 500 a R$ 1,0 bilhão foram os que registraram a maior queda 49,8%,

E a menor redução – 23,0%, ocorreu nas operações de R$ 50 a R$ 500 milhões, sinalizando um maior apetite para fusões e aquisições de pequeno porte e médios portes.

Perfil dos “megadeals” dos primeiros oito meses de 2023

Foram realizados 48 “megadeals” – operações superior a R$ 1,0 bilhão – em 19 setores. Os 5 maiores negócios responderam por 35,5% dos megadeals. Companhias Energéticas lideraram com 8 operações seguido por Hospitais e Lab.Análises Clínicas Saúde com 6 transações. O maior negocio foi realizado pelo setor de Mineração.

Participações das transações – volume & montantes

No comparativo das participações das transações no acumulado do ano, permite identificar as variações do volume e dos investimentos – percentual – em função do porte, ao longo dos últimos 3 anos.

A mudança estrutural mais significativa em relação ao acumulado do ano passado está no crescimento do volume das transações de porte até R$ 50 milhões que aumentaram sua participação relativa de 67,2% para 71,2%.

Valor médio das transações no acumulado do ano registra queda de 23,8% em relação ao mesmo período do ano passado.

O valor médio das transações realizadas no acumulado do ano alcançou R$ 201,5 milhões, contra R$ 264,6 milhões no mesmo período de 2022, representando uma redução de 23,8%.

As transações de porte maior do que R$ 1,0 bilhão foram as que tiveram a maior redução do valor médio comparativamente com o mesmo período do ano anterior.

Dinâmica & Origem dos Investidores

Investidores Estratégicos

Os Estratégicos tiveram queda no acumulado do ano de 17,4% no volume e registraram uma redução de 31,9% nos investimentos

O maior apetite neste mês ficou por conta dos investidores Estratégicos com 102 operações (70,8%), e responderam por 76,6% dos montantes investidos. No acumulado do ano, os Estratégicos, com 659 operações registraram queda de 17,4% em relação ao ano passado. Responderam por 67,4% dos negócios e 77,5% dos investimentos, no montante de R$ 152,7 bilhões, o que significa uma redução de 31,9% em relação ao mesmo período do ano de 2022.

Investidores Financeiros

Os investidores Financeiros tiveram uma redução de 24,6% no volume e redução de 55,1% no montante dos investimentos no acumulado do ano.

Realizaram 42 operações no mês de agosto num montante de R$ 11,5 bilhões. No acumulado do ano os investidores financeiros alcançaram 319 operações – redução de 24,6% – correspondendo a 32,6% dos negócios e 22,5% dos investimentos, no valor de R$ 44,4 bilhões, representando uma queda de 55,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Investidores Nacionais

Investidores Nacionais mesmo com maior apetite nos primeiros oito meses do ano, registram uma queda no volume de 18,9%, e redução no montante de 52,3% .

Os investidores de Capital Nacional foram responsáveis no mês por 121 operações, 84,0%, e investimento da ordem de R$ 37,1 bilhões, correspondendo a 75,1% do total.

No acumulado do ano, os nacionais foram responsáveis por 829 operações – queda de 18,9% em relação ao ano anterior, e responderam por 84,8% das operações. O investimento foi da ordem de R$ 112,0 bilhões, o equivalente a 56,9% do total, correspondendo a uma queda de 52,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Investidores Estrangeiros

No ano os Investidores Estrangeiros registraram queda tanto no volume de transações, 25,1%, como no valor dos investimentos, de 3,6%.

Os investidores de Capital Estrangeiro realizaram no mês, 23 operações – 16,0% do total, no montante de R$ 12,3 bilhões – 24,9% do total. No acumulado do ano, os Estrangeiros com 149 operações registraram uma queda de 25,1% – responderam por 15,2% dos negócios. Os investimentos alcançaram o montante de R$ 85,0 bilhões (43,1%), o que significa uma queda de 3,6% em relação ao acumulado ano.

No mês de agosto/23, foram mapeados 23 negócios realizados por investidores de 10 países.

Os EUA com 10 operações foram os de maior apetite estrangeiro no mês e um investimento estimado em R$ 8,9 bilhões.

O maior investimento do ano, até o momento, foi realizado pela Arábia Saudita por intermédio da joint-venture liderada pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (FIP), que ficou com 10% da da venda da participação de 13% da nova companhia Vale Base Metals Limited (VBM), por US$ 3,4 bilhões (R$ 16 bilhões)

Maior transação do mês de agosto/2023:

Grupo Pátria vence leilão de rodovia no Paraná – A empresa Infraestrutura Brasil Holding 21, controlada pelo Grupo Pátria, venceu o leilão do primeiro lote do sistema rodoviário do estado do Paraná, que faz conexão entre o porto de Paranaguá, a Região Metropolitana de Curitiba e a Ponte da Amizade, na fronteira com o Paraguai.

 Minerva (BEEF3) compra 16 plantas da Marfrig (MRFG3) por R$ 7,5 bi – Ações da Minerva lideraram os ganhos do Ibovespa hoje, com valorização de 4,21%, negociadas a R$ 10,90. As ações da Marfrig ficaram em segundo lugar entre as maiores valorizações, com avanço de 3,54%, negociadas a R$ 6,73. Em sua maior transação, a Minerva acaba de fechar a compra de 16 plantas de abate e desossa da Marfrig na América do Sul e um centro de distribuição por R$ 7,5 bilhões.

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QUEM, O QUÊ, QUANDO, QUANTO, COMO e POR QUÊ

A pesquisa FUSÕES E AQUISIÇÕES – DESTAQUES DO MÊS tem o propósito de captar o “clima” sobre os negócios de Fusões e Aquisições bem como analisar suas principais tendências . Trata-se da compilacão das notícias visando tornar mais acessíveis e conhecidas as transações de fusão, aquisição e venda realizados entre empresas com atuação no Brasil. Todas as informações sobre as operações citadas no presente relatório são obtidas a partir de notícias consideradas confiáveis e de boa-fé publicadas pela imprensa ou pela empresa e divulgadas no “estado” pelo PORTAL FUSÕES & AQUISIÇÕES, não sendo feita qualquer verificação quanto à sua veracidade, precisão ou integridade do conteúdo. Nos esforçamos para fornecer informações e análise de dados atualizados sobre as mudanças que estão ocorrendo nos mercados para ajudar os nossos leitores a entender e aplicar no desenvolvimento dos seus projetos de fusões e aquisições e se antecipar o que vem pela frente. Sempre que possível, serão mencionados os nomes dos compradores – investidores estratégico ou financeiro, dos vendedores, a tese de investimento e principais “value drivers”, o valor da transação, forma de pagamento, múltiplos praticados etc. Muitas vezes a notícia não é clara ou detalhada a respeito dos dados das transações. É bem-vinda toda e qualquer contribuição para tornar as informações mais precisas e transparentes. Caso o conteúdo estiver em desacordo, nos contate que estaremos corrigindo ou mesmo retirando a respectiva informação. PORTAL FUSÕES & AQUISIÇÕES.