O banco americano Goldman Sachs recomenda que investidores vendam ações e títulos de estatais brasileiras e montem posições em empresas do setor privado que devem se beneficiar do ciclo de cortes de juros. A instituição afirma que, embora tenham fundamentos sólidos, as empresas públicas estão negociadas a múltiplos historicamente altos na comparação com os pares privados.

Além disso, possíveis intervenções governamentais podem causar rebaixamentos nas notas de crédito dessas companhias.

“O aumento da intervenção governamental nas estatais brasileiras trouxe atenção ao potencial prêmio político para ações e crédito no Brasil. Nós acreditamos que o Brasil está negociando em linha com mercados emergentes da perspectiva de relações entre ativos”, apontam os estrategistas Jolene Zhong, Nathan Fabius e Caesar Maasry. “Dito isso, estatais brasileiras negociam a múltiplos historicamente mais altos do que seus pares privados listados. Essa relação se mantém numa comparação relativa de ativos entre crédito e ações.”

Os profissionais do Goldman Sachs recordam que os acontecimentos recentes envolvendo a política de dividendos da Petrobras lembraram investidores das interferências passadas em estatais, e que esses eventos costumavam causar um aumento no prêmio de risco dessas companhias.

Hoje, embora o prêmio de risco esteja modesto na comparação com pares de países emergentes, as estatais estão negociando a níveis mais altos do que os pares privados. Levantamento do banco mostra que a relação do preço sobre valor patrimonial (price-to-book, em inglês) das estatais na comparação com companhias privadas está perto da máxima histórica.

Os cálculos do Goldman Sachs levam em conta a Petrobras, o Banco do Brasil, a Sabesp e a Cemig.

“Na medida em que o ciclo de cortes [de juros] nos Estados Unidos e no Brasil se desenvolve, as estatais podem ser superadas por pares do setor privado num ambiente de juros mais baixos, como foi o caso no passado”, projetam os estrategistas do Goldman. “Embora os fundamentos das estatais pareçam fortes, os múltiplos elevados as deixam mais suscetíveis a um potencial rebaixamento nos ratings em caso de maior intervenção do governo.”… leia mais em Valor Investe 25/03/2024