A rápida decisão da Vivara em reverter a nomeação do controlador Nelson Kaufman como diretor-presidente mostra que a companhia viu o dano causado em sua reputação e tomou medidas para recuperar a confiança do investidor, diz o Bradesco BBI.

Os analistas liderados por Pedro Pinto escrevem que essa recuperação na confiança não será fácil, mas que o pior momento do questionamento sobre a situação de sua governança foi superada.

O banco destaca que as ações estão bastante descontadas após a queda violenta na última semana, sendo negociadas a 11 vezes o preço-lucro de 2025, sendo um bom ponto de entrada já que os fundamentos da Vivara continuam robustos.

O Bradesco BBI tem recomendação de compra para Vivara, com preço-alvo em R$ 35, potencial de alta de 39,5% sobre o fechamento de sexta-feira (22).

Mesmo com a Vivara tentando corrigir rota ao implementar uma estrutura societária mais profissionalizada, o mercado ainda deve demorar algum tempo até retirar o desconto que as ações sofreram na última semana, diz a XP.

Os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer escrevem que é positiva a decisão de nomear Otávio Lyra, diretor financeiro, como novo diretor-presidente, após o retorno de Nelson Kaufman não ser bem recebido pelos investidores.

“O anúncio deverá evitar mudanças estratégicas abruptas, ao mesmo tempo que consideramos que o assento no conselho se encaixa melhor ao Sr. Kaufman”, comenta a corretora.
Eles notam que os riscos ainda não foram totalmente afastados, uma vez que a escolha do novo diretor financeiro será passo importante para garantir continuidade estratégica.

A XP tem recomendação de compra para Vivara, com preço-alvo em R$ 44. Há pouco, as ações subiam 4,07%, cotadas em R$ 26,10.

Para Phil Soares, analista da Órama, todo esse movimento, no fim das contas, tornou a ação mais atrativa para a compra neste momento. Isso porque, segundo o especialista, a companhia segue com bons fundamentos. Portanto, as fortes quedas recentes do papel deixaram o deixaram com um preço atrativo.

“A companhia está subindo hoje, mas recuperou muito pouco da queda que teve. Então, falta um espaço grande para voltar ao patamar anterior. Será um caminho longo, porque teve perda de confiança para uma parte relevante dos investidores, mas do ponto de vista de fundamentos está ótimo para comprar o papel. Isso porque há sinalização de continuidade da gestão atual que está excelente, conseguindo entregar 20% de crescimento no ano por alguns anos e com um plano que faz sentido acreditar que não terá perda de margem no longo prazo. Então, vemos o papel com bons olhos e mantemos nossa recomendação de compra, especialmente agora no preço baixo. Acreditamos que em um ou dois meses o papel sobe 10% e volta ao patamar de R$ 29 por ação”, afirma.

O analista afirma que a saída de Kaufman já era esperada pelo mercado, especialmente devido à má repercussão que sua volta teve junto aos acionistas minoritários. Soares não esperava, no entanto, que essa reversão do movimento fosse tão rápida.

“A gente teve a mesma reação do mercado quando saiu a notícia na semana passada da volta do Kaufmann. Isso foi mal recebido pelo mercado e nós também achamos bem ruim. Mas optamos por esperar algumas semanas porque o grosso do impacto já tinha mexido com a carteira dos investidores. Além disso, tínhamos a firme convicção que isso seria oposto pelos minoritários. Então, essa negativa do movimento que havia sido comunicado para nós era esperado. E foi bem rápido, achávamos que demoraria mais, então vemos com muito bons olhos”, afirma….. leia mais em Valor Investe 25/03/2024