Oferta de ações ganha ritmo e chega a R$ 15,4 bi no 1º semestre
Depois de um início de ano bastante fraco para a atividade de mercado de capitais no Brasil, a leitura de que o ciclo de corte de juros começará a partir de agosto fez com que um grupo de companhias tirasse da gaveta planos para levantar capital, o que ajudou a melhorar o retrato da primeira metade de 2023. Com a tração vista nas últimas semanas, o volume de ofertas de ações chegou a R$ 15,4 bilhões no primeiro semestre, com um total de dez empresas indo a mercado, mas ainda sem nenhuma oferta inicial (IPO, na sigla em inglês).
Com o impulso observado em junho, o volume financeiro das ofertas ficou mais próximo ao visto em mesmo intervalo do ano passado, quando foi registrado um montante de R$ 18 bilhões, se excluindo Eletrobras, operação que distorce os dados. Nesse período de 2022, foram um total de 13 ofertas. No entanto, no segundo semestre do ano passado o mercado perdeu ritmo, dada a volatilidade diante das eleições presidenciais no Brasil. Com isso, na segunda metade do ano passado foram precificadas apenas mais seis ofertas, que juntas somaram cerca de R$ 6 bilhões. Neste ano a tendência é oposta, com o otimismo direcionado para os próximos meses.
O volume neste ano irá ganhar um impulso de peso neste mês, segundo fontes, com a oferta da Copel, esperada em girar até R$ 5 bilhões e, ainda, a da BRF, estimada em R$ 4,5 bilhões. A Hidrovias do Brasil também lançará seu “follow-on”, para o início do desinvestimento do fundo Pátria, conforme fontes. Com isso, o valor já superará o de 2022 – também se excluindo Eletrobras. Até o momento, as decisões para os IPOs seguem em compasso de espera, muito embora exista uma expectativa na Faria Lima de que algumas transações ocorrerão no último trimestre do ano.

Com a melhora de cenário, as transações também começaram a mudar de perfil, com mais companhias buscando capital para fazer frente ao “capex”. Apenas na semana passada, por exemplo, as captações de Localiza e Direcional tinham como viés reforçar o caixa para investir. Nas demais, foram vistas transações para ajudar a ajustar o balanço, exemplo de Hapvida, Dasa e CVC. Também foram observadas transações para dar saída a fundos de private equity (que compram participação em companhias), caso de Orizon, Oncoclínicas e Smartfit. A oferta de Hidrovias também terá esse pano de fundo.
“Empresas estão começando a tirar da gaveta projetos de investimento e as captações vão acontecer. Primeiro estamos vendo os ‘block trades’ [vendas por meio de leilão em bolsa] e ‘follow-ons’, mas mantido o cenário começaremos a ver os IPOs”, afirma o coresponsável pelo banco de investimento do Bank of America no Brasil, Bruno Saraiva. Segundo o executivo, serão observadas nos próximos meses mais ofertas com o objetivo de “dar combustível ao balanço e para suportar planos de investimento”.
Para o responsável pelo banco de investimento do Bradesco BBI, Felipe Thut, o ritmo de emissões de ações deve se manter mais aquecido... leia mais em Valor Econômico 04/07/2023