Setor do varejo precisa aprender lições com casos do próprio varejo
Todo dono de negócio deseja comprovar sua gestão com bons números financeiros, margens operacionais favoráveis, eficiência no trato do capital de giro e na gestão de estoque. Quando os números não estão de acordo com os objetivos do business plan, o gestor da companhia pode ser seduzido a criar evidências não condizentes com a realidade para sustentar sua narrativa de boa gestão, crescimento e margens mais altas do que a média.
Ser melhor que o “par de mercado” justifica arbitragem de múltiplo valuation em operações de fusões e aquisições (M&A), termos mais vantajosos em rodadas de investimentos, imagem positiva e facilidades em negociações com fornecedores e menores taxas com bancos.
Contrariando as práticas de escotismo, vulgo “by the book”, a adoção de iniciativas “criativas” leva a avaliações superestimadas mesmo por quem entende e vive do assunto. A ocultação ou desinformação, dolosa ou não, sobre custos, empréstimos, capital de giro e margem não pode ser considerada prática comum. E identificar quando isso acontece está longe de ser simples.
A maneira de reduzir risco de erros passa por acompanhar as empresas e o management bem de perto, analisando seus balanços anuais e trimestrais, confrontando-os com a execução do plano estratégico, seus resultados financeiros e entrevistas com o corpo diretivo. Não é uma tarefa trivial e poucas gestoras de ativos contam com times que combinam operação intrusiva na empresa e análise para a seleção de portfólio de investimentos.
Existem práticas efetivas para aumentar a eficiência das operações de varejo. A possibilidade de melhorar giro, mix de serviços e produtos, ticket médio, vendas por metro quadrado de loja e capital de giro e de reduzir risco de rupturas com modelos de gestão, ferramentas preditivas e sistemas de georreferenciação já está ao alcance de “quase todos”. Não é rocket science varejo é trabalho contínuo.
Planejamento estratégico, com objetivos e resultados-chave (OKRs) bem definidos e governança adequada, ajuda a garantir a transparência e a efetividade dos processos internos e a tomada de decisões baseadas em dados concretos, independentemente do perfil ou tamanho da empresa, de ela ser pública ou privada, listada ou não.
Desconfie de números espetaculares, confronte a maturidade da execução do plano de negócios com o resultado esperado, tenha métricas e indicadores claros. Não menospreze a controladoria e a contabilidade. No caso do varejo, a eficiência operacional é a única forma de obter resultados positivos e crescimento sustentável. Lucro é, e sempre será, a consequência da execução de um planejamento bem-feito. Por Marco França – engenheiro pela PUC e sócio-fundador da Auddas… Estadao.. Leia mais em msn 11/10/2023