O BTG Pactual está engajado em encontrar um comprador para a Aeris. O Pipeline apurou que o banco já abordou a família Negrão, controladora da companhia, sobre dois potenciais interessados na aquisição da fabricante de pás eólicas – uma companhia que está na carteira de clientes da Aeris e um estratégico estrangeiro que é concorrente.

Não houve ainda qualquer processo formal, com proposta firme na mesa ou mesmo discussão no conselho, apurou o Pipeline. O interesse, portanto, pode não se traduzir em oferta.

O BTG coordenou o follow-on da Aeris em novembro e bancou a totalidade da subscrição de R$ 400 milhões para a família Negrão, controladora da empresa. Num crédito estruturado, a posição acionária mudou de mãos, mas a família seguiu com os direitos políticos da posição e com uma obrigação de recomprar os papéis em dois anos.

Na oferta subsequente no fim do ano, a ação foi vendida a R$ 0,84. Se o banco exercer a put contra a família, os Negrão terão que pagar R$ 1,20 por ação. Num cenário que considera que o papel teria se recuperado acima deste patamar, a família tem uma call a R$ 2 por ação.

Mas o papel não tem dado sinais de recuperação nessa magnitude, mesmo com a volatilidade em torno de um potencial M&A. Hoje, após disparar 12,7% , a ação fechou a R$ 0,62. A companhia inclusive propôs um grupamento de 20 ações para 1, que será votado neste mês.

O banco estaria mirando um proponente a 10 vezes Ebitda, considerando referencias de transações do setor, o que daria quase R$ 3 por ação. É muito prêmio em relação ao preço de tela atual para convencer um investidor estratégico, mesmo considerando que a companhia chegou à bolsa avaliada a R$ 5,50 por ação.

Dados os valores de referência no contrato financeiro entre BTG e a família, no entanto, qualquer meio termo seria mais atrativo para essas duas partes – para o banco, anteciparia o pagamento em dois anos. Apesar da posição, o BTG não pode executar por decisão própria uma venda, sem a anuência da família, esclareceram as fontes. Trata-se de uma iniciativa do banco, que os controladores podem ou não topar conforme se transforme em proposta de fato.

Depois da morte do patriarca Alexandre Negrão no ano passado, a família está no processo de inventário e de redefinição de estratégias para seu patrimônio. A desvalorização brutal da Aeris e da indústria como um todo e o fato de a família ter outros negócios grandes – como a pecuária, com a Fazenda Conforto – tornam um interesse de venda “possível”, segundo fontes com conhecimento do assunto.

Mas não que a família esteja distante da operação da indústria de pás eólicas, ao contrário – desde o afastamento do pai por questões de saúde, Xandynho Negrão reassumiu como CEO. Ele está no conselho, no qual a irmã Gisela Negrão também é membro.

No ano passado, a companhia teve Ebitda de R$ 330 milhões, crescimento de 40,5%, com melhor de 3,6 pontos na margem, para 11,6%. Em 2023, a receita operacional líquida foi de R$ 2,8 bilhões, 3% menor que no ano anterior, e o prejuízo líquido foi de R$ 107 milhões – redução de 11% em relação às perdas de 2022.

A alavancagem financeira caiu de 3x para 1,9x, depois que o dinheiro do follow-on quitou dívidas … leia mais em Pipeline 02/04/2024