Nos últimos dois ou três anos, o mundo corporativo passou a se defrontar com o tema dos impactos ambientais, sociais e de governança (ESG na sigla em inglês), de forma mais presente nas reuniões da alta administração, muito puxados pela provocação e pelas demandas que os grandes investidores institucionais trouxeram à tona. … Por Luiz Marcatti Leia mais em estadao 15/02/2021

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Como incorporar ESG nas organizações

Nos últimos 2 ou 3 anos o mundo corporativo passou a se defrontar com o tema dos impactos ambientais, sociais e de governança (ESG na sigla em inglês), de forma mais presente nas reuniões da alta administração, muito puxados pela provocação e pelas demandas que os grandes investidores institucionais trouxeram à tona.

ESG
Quando lembramos dos princípios das boas práticas da governança corporativa, veremos que um deles é a Responsabilidade Corporativa, conforme descrito no Código de Boas Práticas de Governança Corporativa do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa: “Os agentes de governança devem zelar pela viabili- dade econômico-financeira das organizações, reduzir as externalidades negativas de seus negócios e suas operações e aumentar as positivas, levando em conside- ração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional etc.) no curto, médio e longo prazos”.

Então, é um dever de todos os agentes das sociedades empresariais e da alta administração avaliar os impactos que suas decisões trazem a todos com quem se relacionam, direta ou indiretamente, bem como o meio ambiente. Mesmo em tempos passados, quando se respondia que o principal objetivo de uma empresa é dar retorno financeiro aos seus acionistas, esta resposta deveria vir seguida de: desde que não impactem negativamente a sociedade e o meio ambiente.

Já há algum tempo foram criados no mundo afora alguns selos de reconhecimen- to, para empresas que atuam em linha com as preocupações de meio ambiente. Muitas buscaram se qualificar para recebê-los, mas o risco que um processo como este sempre traz é tornar-se um check list a ser cumprido e não um processo de transformação nas práticas corporativas, como vimos acontecer com empresas que, apesar de fazerem parte dessas listas qualificadas, acabaram sendo retiradas por terem causado desastres ambientais e sociais.

A má conduta fez até surgir o termo greenwashing, para as companhias que fazem verdadeiras maquiagens verdes, a fim de parecer que se comportam como quem se preocupa genuinamente, o que não se comprova na prática. Mais um ponto para a sociedade ficar alerta, o que real e o que é fake na conduta empresarial.

Não quero generalizar afirmando que todos os acionistas e administradores não dão real importância a estes assuntos, porém, claramente, os principais fatores motivadores de transformação no mundo empresarial estão ligados ao posicio- namento de investidores institucionais e dos consumidores. Estes têm o poder de provocar uma transformação na condução de negócios de uma empresa, sob pena de desaparecerem por falta de dinheiro e de vendas, principalmente pela influência de uma nova geração de consumidores que trazem em si uma consci- ência mais atenta e uma atitude demandadora de novas formas de produção e consumo.

Os temas ligados ao uso destrutivo do meio ambiente vêm ganhando espaço nas agendas de algumas empresas, que já veem buscando vincular sua cadeia produti- va à preservação e às boas práticas ambientais, valendo-se até de instrumentos de rastreamento de ponta a ponta de sua produção, a partir dos insumos utilizados.

A pandemia da COVID-19 foi outro fator que alimenta as preocupações com o que estamos fazendo com o meio ambiente e o quanto as sociedades estão sofrendo, até que tenhamos uma solução definitiva para esta doença. Desta forma, não há outro caminho, senão o de incorporar os assuntos pertinentes ao ESG no propósi- to e nos valores das empresas, que, somente acontecerão de fato, se inseridos nas estratégias empresariais.

As agendas dos Conselhos de Administração e da Diretoria precisam incorporar os temas e mantê-los linkados às metas e aos indicadores de desempenho. Algumas empresas estão criando Comitês dos Conselhos e posições executivas no alto es- calão, de forma a dar o peso e a relevância que este assunto merece.

Os objetivos e as diretrizes corporativas precisam ser ajustados a esta nova visão, assim como as novas competências de liderança precisam ser treinadas e incorpo- radas nas suas condutas, cujo jeito de liderar demandará o treinamento de todo time, garantindo a tangibilização das ações relativas ao ESG no cotidiano.

As metas e os sistemas de avaliação e premiação, bem como as políticas de consequências precisam contemplar estas novas práticas e, a partir daí, as ações pode- rão fortalecer a imagem da empresa, por uma comunicação a todos os públicos, internos e externos, com transparência, dando a possibilidade de que seja com- provada esta nova realidade corporativa…. Por Luiz Marcatti Leia mais em corporategovernance 15/02/2021