O Itaú BBA fez um evento em Nova York em maio e sentiu que o ambiente para Brasil começava a mudar. Lá mesmo, conseguiu fechar dois contratos para ofertas de ações – Smartfit e Oncoclínicas – e ainda engatou outras conversas, com nomes como Direcional e Localiza, que fizeram ofertas em seguida, com forte demanda. Antes desse encontro com investidores internacionais, o banco não estava tão otimista com o cenário. Agora, espera que o ano tenha por volta de 25 a 35 ofertas de ações de empresas já listadas (follow-on). A expectativa é que movimentem entre R$ 50 bilhões e R$ 60 bilhões. O banco também prevê a retomada das fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês), ajudadas, entre outros fatores, pelo começo da queda de juros. Já as aberturas de capital (IPO, em inglês), devem ficar mais para 2024.

“Fomos para Nova York meio cabisbaixos, nós, as empresas brasileiras e os investidores brasileiros”, conta o diretor do banco de investimento do Itaú BBA, Roderick Greenlees. Uma semana depois das conversas em Wall Street, já era clara a melhora do humor dos estrangeiros com o Brasil. Primeiro, ao olharem outros mercados emergentes, o Brasil ficou mais interessante, em meio à guerra da Ucrânia e tensão geopolítica na China, que afastou investidores dessas duas regiões. Também houve progressos internos, como o avanço da reforma tributária. Nesse ambiente, o Brasil estava atrativo e com múltiplos inferiores à média histórica.

Com o começo da queda dos juros, melhora do rating soberano e o estrangeiro mais propenso a investir no Brasil, Greenlees ressalta que mais negócios podem acontecer, em fusões e aquisições e em ofertas de ações de empresas já listadas. Com os juros em queda, as avaliações das empresas melhoram e as companhias passam a ter mais acesso a capital, sobretudo agora que o mercado de dívida e de ações estão abertos, afirma o executivo.

 

‘2024 será ano dos IPOs'
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Nas últimas semanas, foram quatro fusões e aquisições de empresas brasileiras

Em M&A, só nas últimas semanas, foram ao menos quatro operações – Vale, Pismo, Rio Energy e Sinqia – com compradores estrangeiros, além da fusão da Vero com a Americanet, que criou a maior operadora independente no Brasil e pode dar início a um processo de consolidação no setor.

Este ano, até maio, foram apenas quatro follow-ons, alguns com o controlador precisando entrar na operação para conseguir emplacar a oferta, como a Hapvida. Com a melhora do humor do mercado, de meados de maio até agora já foram feitas nove ofertas, que movimentaram mais de R$ 10 bilhões. Há ainda a oferta da Copel, a empresa de energia do Paraná, que fecha no próximo dia 8, com potencial de captar R$ 5 bilhões. Ontem à noite, a Viveo, maior distribuidora de insumos médicos no Brasil fechou a sua, de R$ 1,2 bilhão… leia mais em Estadão 02/08/2023