O número de ofertas de ações subsequentes (follow-ons) na B3 em 2023 até o final de maio totalizou cinco, voltando, assim, para os mesmos patamares registrados no mesmo período dos anos de 2019 e 2020. É o que mostram dados mais recentes B3 (B3SA3).

Segundo especialistas consultados pelo InvestNews, esse movimento se justifica pelos juros ainda altos no país, incertezas no início do ano com o novo governo e momento mais adverso para esse tipo de emissão. Eles divergem, no entanto, em relação às perspectivas para follow-ons ainda em 2023.

Segundo a B3, nos cinco primeiros meses deste ano, Assaí (ASAI3), Hapvida (HAPV3), Dasa (DASA3), Orizon (ORVR3) e SmartFit (SMFT3) realizam follow-on. Já em 2021, foram 13 ofertas no mesmo período. Em 2022, totalizaram 10. Veja o histórico:

Os dados até maio são os mais recentes da B3. Mas, depois disso, outras empresas anunciaram oferta de ações.

Em junho, a CVC (CVCB3) lançou sua oferta de ações com a intenção de recomprar parte da dívida em debêntures e reforçar o capita de giro. No mesmo mês, a Direcional Engenharia (DIRR3) lançou sua oferta com a intenção de usar os recursos para crescimento e otimizar sua estrutura de capital. Com o mesmo objetivo, no início de julho, foi a vez da BRF (BRFS3) e da MRV (MRVE3) protocolarem seus pedidos.Follow_ons em andamento

O que está por trás dos números?

Ricardo Schweitzer, CEO da consultoria Ricardo Schweitzer, avalia que esse movimento é justificado pelo período de maior aversão ao risco no começo de 2023, com ativos de renda variável apresentando pior desempenho de preço, o que se traduz em uma conjuntura menos encorajadora para ofertas.

Mas Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, aponta que com a entrega do arcabouço fiscal, manutenção da meta de inflação, um menor atrito entre Banco Central e governo e, por fim, a reforma tributária no radar para ser aprovada ainda este ano acabam melhorando o ambiente de negócios e favorece uma retomada dessas emissões.

Já para Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, é bem provável que o número dos primeiros meses de 2023 tenha ficado baixo por causa dos rumos previstos para a economia.

Motivos de follow-ons em 2023

Érico Nikaido, sócio do Ártica assessoria financeira, comenta que os principais motivos que impulsionaram a realização de follow-ons em 2023 são:

  • Necessidade das companhias de controlar despesas financeiras, diminuindo alavancagem;
  • Perspectiva de aumento da atividade na bolsa de valores, dada a iminente redução da taxa de juros;
  • Mais clareza sobre a política econômica do novo governo;
  • Maior fluxo financeiro de investidores estrangeiros para o Brasil, dado que a taxa real de juros ainda é uma das maiores do mundo.

Para Fernandes, o principal fator é a taxa de juros, que ainda se mantém em patamar elevado no Brasil. Ele lembra que, mesmo que a Selic passe a cair em agosto, não será de uma vez. Dessa forma, para o sócio da A7 Capital, é mais vantajoso a empresa fazer follow-on do que emitir dívida em níveis de juros muito altos, que podem corroer o resultados com aumentos de despesas financeiras.

Já Fernando Siqueira, head de research da Guide Investimentos, avalia que o mote deste ano até aqui foi: empresas em dificuldades fazendo mais follow-on. Mas, para ele, as perspectivas são melhores para os próximos meses, já que, segundo ele, houve bastante ruído no começo do ano com a mudança de governo, adiando planos de eventuais ofertas….Leia mais em investnews 13/07/2023